Jurídico

Operação Sodoma já conta com 16 colaboradores da Justiça

Com a homologação das delações premiadas do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), do seu filho Rodrigo Barbosa, de seu irmão Antônio da Cunha Barbosa e seu ex-chefe de gabinete Silvio Cesar Correa, a Operação Sodoma já conta com 16 colaboradores. 

Além deles, também integram a lista os empresários João Rosa, Willians Paulo Mischur e Julio Midori, os ex-secretários de Estado Pedro Nadaf, Cesar Zilio e Pedro Elias, bem como Alaor Avelos, José Costa Marques, Julio Cesar Volpato, Edésio Correa, Fedrerico Muller, Filinto Muller e Chico Lima. 

Destes, 11 já são réus em ações penais que tramitam na 7ª Vara Criminal de Cuiabá, sob a responsabilidade da juíza Selma Rosane de Arruda. O ex-deputado estadual José Riva encontra-se em fase de negociação. 

Apesar dos inúmeros acordos de colaboração premiada firmado no decorrer das cinco fases da Operação Sodoma, a mais reveladora é a do ex-governador, que trouxe fatos que, se quer, estavam sendo investigados pelos promotores de justiça do Ministério Público. 

Como envolve figuras com foro privilegiado a nível federal, o acordo teve que ser firmado junto a Procuradoria Geral da República (PGR). Silval cita o envolvimento do ministro da Agricultura Blairo Maggi (PP), dos senadores Wellington Fagundes (PR) e Cidinho Santos (PR), assim como dos deputados federais, Carlos Bezerra (PMDB), Valtenir Pereira (PSB), Fabio Garcia (PSB) e Ezequiel Fonseca. 

Já a nível estadual, Silval delatou o envolvimento de inúmeros deputados estaduais, prefeitos, ex-secretários, entre outros. Nesta semana, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, rejeitou o pedido para que os crimes citados pelo ex-governador Silval na delação premiada fossem desmembrados. Diante disso, a prerrogativa de foro privilegiado permanece somente no Supremo Tribunal Federal (STF). 

A intenção dos citados era fazer com que as apurações tramitassem no Superior Tribunal de Justiça (STJ), no Tribunal Regional Federal (TRF), Justiça Federal de Mato Grosso, além do Tribunal de Justiça. 

Para Janot, “o desmembramento não é de interesse das investigações”. “Por ora, deixa de requerer o desmembramento em relação aos sete casos acima narrados, por entender que, na atual fase, é relevante para os interesses da investigação que sejam aqueles fatos apurados em conjunto, sem prejuízo de eventual desmembramento em fase mais adiantada das apurações ou por ocasião do oferecimento de denúncia”, disse. 

Na ação penal, Janot descreve uma organização criminosa que agia na cúpula do Governo de Mato Grosso desde a gestão de Blairo Maggi (PP), e se estendeu até o último dia de governo de Silval Barbosa. 

Para embasar a sua decisão de não desmembrar as investigações, o procurador-geral narra sete casos. As tentativas do ministro da Agricultura em “interferir” nas investigações da "Operação Ararath", entre os anos de 2014 e 2017; um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo a empresa Trimec, que prestava serviços na gestão Silval, e que comprou uma fazenda do presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), Antônio Joaquim; além do pagamento de R$ 53 milhões a conselheiros do órgão para não barrar as obras da Copa do Mundo de 2014 em Cuiabá. 

Além disso, ainda cita uma propina de R$ 7 milhões paga a Silval pelo deputado estadual Ondanir Bortolini, o “Nininho” (PSD), para aumento da tarifa de um pedágio na MT-130; o pagamento de “mensalinho” aos deputados estaduais para obtenção de apoio; a “compra”, por R$ 4 milhões, da desistência do pedido de exoneração do ex-conselheiro do TCE-MT, Alencar Soares Filho, por Blairo Maggi; e, por último, as dívidas herdadas de Maggi por Silval, de mais de R$ 70 milhões – recurso que seria utilizado para compra de apoio na Assembleia Legislativa e no TCE-MT. 

Redação

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