Um grupo criminoso responsável por um esquema milionário de fraudes processuais foi alvo da Operação Sepulcro Caiado, deflagrada na manhã desta quarta-feira (30), pela Polícia Civil, com o apoio do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). Estima-se que o prejuízo aos cofres públicos ultrapasse R$ 21 milhões, causados por práticas fraudulentas que envolviam empresários, advogados e servidores do Judiciário.
Durante a operação, foram cumpridas mais de 160 ordens judiciais, incluindo 11 mandados de prisão preventiva, 22 de busca e apreensão, além de bloqueios judiciais no valor de R$ 21,7 milhões. Também foram determinadas 46 quebras de sigilo fiscal e bancário, e o sequestro de 18 veículos e 48 imóveis em Cuiabá, Várzea Grande e na cidade de Marília (SP).
As investigações apontam que o grupo simulava processos de cobrança judicial em nome de vítimas — algumas sem qualquer ciência dos processos — e falsificava comprovantes de pagamento para levantar valores de forma ilegal. Um servidor do TJMT envolvido no esquema manipulava o sistema para garantir que o dinheiro fosse transferido entre contas judiciais e, assim, viabilizar o saque dos valores via alvarás.
De 2018 a 2022, ao menos 17 processos judiciais fraudulentos foram identificados. Em um dos casos mais graves, uma pessoa interditada judicialmente foi usada como laranja. As vítimas, muitas vezes, eram surpreendidas com ações judiciais que apontavam dívidas de até R$ 1,8 milhão, embora os valores reais não ultrapassassem R$ 100 mil. O esquema incluía a inserção de advogados falsos, produção de documentos forjados e lavagem de dinheiro por meio de empresas de fachada.
O nome da operação — “Sepulcro Caiado” — remete à expressão bíblica que denuncia a hipocrisia de quem aparenta justiça, mas age com corrupção. A escolha simboliza a falsa aparência de legalidade nas ações do grupo. As investigações continuam e há indícios de que o esquema possa ter atingido proporções ainda maiores.