A operação Apollo, da Polícia Federal, prendeu quatro pessoas na manhã desta sexta-feira (14) por fraude no Enem 2014. Duas prisões foram efetuadas em Juazeiro do Norte, no Cariri cearense, e duas na Paraíba. São três cearenses presos e um paraibano. Foram cumpridos ainda sete mandados de busca e apreensão em Juazeiro do Norte, quatro na Paraíba e um no Piauí.
Os quatro presos estão envolvidos na cooptação de canditados interessados em participar do esquema de fraude e de pessoas para fazer o teste e passar o gabarito das questões durante a prova, segundo a delegada da PF, Andréa Assunção. Considerando dois flagrantes no sábado (8), são seis prisões relativas ao Enem 2014, dentro desta mesma investigação.
O superintendente regional da Polícia Federal, Renato Casarini; o presidente do Inep, Francisco Soares; e a delegada Andréa Karine Assunção, responsável pela segunraça do exame no Ceará, repassaram detalhes sobre a operação na manhã desta sexta, em Fortaleza. As fraudes beneficiam principalmente candidatos interessados em ingressar em medicina em universidades públicas.
Vazamentos
De acordo com o delegado regional e com a delegada Andréa Karine as prisões não têm relação com o suposto vazamento do tema da redação denunciados por alunos no Piauí e Ceará nesta semana. "Não temos elementos que mostrem conexão entre os dois casos", disse.
Na quinta-feira (13), três alunos do Ceará disseram ter recebido antecipadamente o tema da redação do Enem 2014. Eles conversaram com o G1 e informaram que mensagens pelo celular com o tema "Publicidade Infantil no Brasil" foram enviadas a eles, de forma similar ao que ocorreu com estudantes do Piauí. No Piauí, a Polícia Federal e o MPF-PI abriram inquérito para investigar o caso. No Ceará, até esta quinta não havia denúncias do gênero na Polícia Federal ou MPF.
Investigação
A investigação da Superintendência da Polícia Federal no Ceará sobre o esquema de fraude começou há 13 meses e pretende também identificar todos os beneficiados no esquema nas edições do Enem de 2013 e 2014. "Somente em 2013 foram cerca de 40 quarenta beneficiados. Estamos trabalhando na identificação dessas pessoas", disse a delegada Assunção.
A atuação da quadrilha tem como centro a região do Cariri, no sul do do Ceará, e se estende para outros estados. Segundo a Polícia Federal, o órgão responsável pela realização das provas do Enem, o Inep, "tem colaborado com as investigações desde o ano passado, fornecendo as informações necessárias à identificação dos investigados e à elucidação da fraude". Os presos foram indiciados pela prática dos crimes de fraudes em certames públicos e organização criminosa.
Prisões no domingo
No sábado (8), a Polícia Federal prendeu duas pessoas suspeitas de passar o gabarito do exame em mensagens no celular em Juazeiro do Norte. Elas foram autuadas pelo crime de fraude em concurso de interesse público.
Os candidatos presos se inscreveram com sabatistas, que fazem o exame em horário diferenciado. "Eles foram presos com os gabaritos das provas nos celulares. Ainda não podemos saber como eles tiveram acesso, estamos no começo da investigação", disse, neste fim de semana, a delegada da Polícia Federal Andréia Assunção, responsável pela segurança do Enem no Ceará.
Os presos foram liberados após pagamento de fiança no valor de R$ 6 mil e vão aguardar o julgamento. Se condenados, eles podem pegar pena de um a quatro anos de prisão. O crime ocorreu na noite de sábado (8) e divulgado neste domingo (9).
Vazamento na edição 2011
Em 2011, uma escola privada de Fortaleza teve acesso antecipado a 16 questões do Enem, que foram compartilhadas entre os alunos. Os candidatos que tiveram acesso prévio tiveram as questões anuladas.
Na época, o Ministério Público Federal chegou a pedir a anulação da prova, mas a Justiça não deu decisão favorável ao procurador Oscar Costa Filho.
G1