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Operação de 8 Estados mira o uso de crianças em crimes de ódio

A polícia de 8 Estados realizou na terça-feira, 15, uma operação contra uma organização criminosa que usava a internet para induzir crianças e adolescentes a propagar crimes de ódio, fazer apologia ao nazismo, divulgar pornografia infantil e maltratar animais. A ação ocorreu em Rio, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul.

O grupo também induzia as vítimas ao suicídio e à automutilação, e é suspeito de tentativa de homicídio. Ao menos dois homens foram presos e 7 adolescentes, apreendidos. A operação teve apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública. “Como estímulo (aos menores de idade), eram oferecidas recompensas internas para aqueles que se destacassem nas atividades criminosas”, informou o ministério.

Os suspeitos não tiveram os nomes divulgados, o que impossibilitou o contato com a defesa deles pelo Estadão. As investigações começaram em 18 de fevereiro, quando um homem em situação de rua foi atacado por um adolescente. A vítima estava dormindo e teve 70% do corpo queimado. O agressor atirou dois coquetéis molotov enquanto um outro rapaz filmava e transmitia o crime pelas redes sociais. O caso ocorreu no Pechincha, na zona oeste do Rio. O adulto foi preso e o menor, apreendido.

50 MORTES

A Operação Adolescência Segura mobilizou agentes da Delegacia da Criança e dos Adolescente Vítima (DCAV) contra o que é considerada uma das maiores organizações criminosas do País voltadas à prática de crimes cibernéticos contra crianças e adolescentes. Nos últimos anos, suspeita-se de que até 50 menores de idade morreram após serem induzidas a cometer crimes em plataformas online, conforme a Polícia Civil do Rio. Os chamados “oradores” promovem desafios nas redes sociais, que causam diversos problemas, da automutilação à morte.

Com o apoio de policiais dos oito Estados e do CyberLab da Secretaria Nacional de Segurança, a operação cumpriu 2 mandados de prisão temporária, 20 de temporária e de busca e apreensão, além de 7 mandados de internação provisória de adolescentes infratores.

“A ação é resultado de uma investigação acerca de uma rede criminosa altamente estruturada”, diz a Polícia Civil do Estado do Rio. Após o ataque ao morador de rua, policiais da DCAV descobriram que o crime não era um fato isolado. Os administradores do servidor utilizado no crime compunham verdadeira organização criminosa altamente especializada em diversos crimes cibernéticos, tendo como principais alvos as crianças e os adolescentes.

Segundo a pasta, a atuação do grupo é tão significativa no cenário virtual que mereceu a atenção de duas agências independentes dos Estados Unidos, que emitiram relatórios sobre os fatos, contribuindo com o trabalho dos policiais civis envolvidos no caso.

As investigações da Polícia Civil do Rio revelaram uma atuação criminosa que se espalhava por diferentes plataformas digitais, “utilizando mecanismos de manipulação psicológica e aliciamento de vítimas em idade escolar, em um cenário de extremo risco à integridade física e mental de crianças e adolescentes”, diz a Polícia Civil.

Os alvos da investigação serão responsabilizados por diversos crimes, incluindo associação criminosa (art. 288 do Código Penal), indução ou instigação à automutilação (art. 122, §4º do Código Penal) e maus-tratos a animais (art. 32 da Lei 9.605/98).As investigações seguem para identificar os demais integrantes da organização criminosa.

LÍDER ADOLESCENTE

Conforme informações da TV Morena, um dos chefes da organização tem 14 anos. Ele seria, conforme a polícia de Mato Grosso do Sul, “administrador da engenharia criminosa do grupo” a partir da casa dele. Outros quatro endereços, alvo de buscas, eram ligados a outras pessoas, que respondiam hierarquicamente ao adolescente na organização criminosa. “O adolescente tinha um alto cargo no grupo de crimes de ódio. Ele atuava como se fosse o chefe. Como não tivemos o flagrante, não foi possível apreender o suspeito”, afirmou a delegada Ana Cláudia Medina, do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco).

Estadão Conteudo

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