Opinião

Onde isso vai dar?

Diz aí, cara cronista. Nem demorei tanto assim para voltar a dar o ar da graça. Reconheça meu empenho, amiga enclausurada voluntariamente do outro lado do túnel. A velocidade dos fatos aqui fora parece amplificada! Então tive que me esforçar, entre as diversas fontes de observação que ando tentando acompanhar, para mantê-la atualizada sobre os surpreendentes acontecimentos que se sucedem e/ou se atropelam.

Vou começar pelos avanços galopantes da AI, a Inteligência Artificial. Galopantes não. O adjetivo é antigo e insuficiente para descrever a evolução incontrolável dos arrojados avanços nesse vasto e inexplorado campo. Podem provocar um upgrade em vários setores científicos? Sim. Mas a que preço? Os alertas continuam chegando de especialistas, cientistas e autoridades sem que nada interrompa a corrida insaciável dos (ir)responsáveis pelo pulo mal calculado e sem paraquedas no precipício da novidade tecnológica.

Já não é possível separar o joio do trigo: o que é real do conteúdo produzido pelo Frankenstein do terceiro milênio. Sim, traço esse paralelo açambarcando os principais elementos do que é conhecido como o primeiro livro de ficção científica, de Mary Shelley, publicado em 1818. Exatamente ele, o “Prometeu Moderno”, a que você me apresentou   anos atrás. A proposta é criar um “regulador” e “carimbar” o que é AI para diferenciá-la do que é real… Tarde demais, querida cronista. O monstro pensa, sente e… vai reagir!

Recolhida e isolada você está imune aos controles sutilmente impostos por sugestões como “Tbt é na quinta”, “poste momentos felizes do mês tal” e outros estímulos que induzem os humanos a obedecerem a comandos e que alimentam os imensuráveis bancos de dados que estão suprindo a nova etapa tecnológica. No momento, a base de informações é a internet inteira.

Cronista, quando escrevo essas impressões me sinto como o roteirista de um filme de ficção. Algo como as aventuras de John O’Connor, do Exterminador do Futuro, Blade Runner ou Matrix. Pois então, fique sabendo que são justamente eles, os roteiristas da indústria cinematográfica americana, que acabam de entrar em greve (o que não acontecia desde 2007). Um dos motivos? A ameaça da AI! Sean Penn apoiou o movimento em sua coletiva no Festival de Cannes, 2023.

O mundo real está uma irresponsabilidade só. Nele, por exemplo, o brado racista de uma torcida ecoou num estádio para um único jogador do Real Madri, Vini Jr., seu conhecido. O ofensivo termo “mono” numa partida no campo do Valencia retumbou mundo a fora. Enquanto o universo esportivo (ou parte dele) se revoltou, teve quem jogasse a culpa na vítima pela ação indefensável.

Nada que esse extraterrestre (carinhosamente apelidado de Pluct Plact pela amiga) que permanece por aqui não tenha visto nos arquivos acumulados aqui na nave, essa que não consegue partir dessa atmosfera tóxica.

Não está fácil! O que não me estimula a incentivar sua volta ao convívio com essa humanidade, no mínimo, exacerbada. Isso apesar de possuir, nesse momento, um argumento capaz de provocar um “choque térmico” no seu pit stop. Acontece que temos em curso uma briga das boas, tipo do rochedo com o mar, como você diria.

De um lado, a toda poderosa Petrobrás e o Ministério de Minas e Energia. Do outro, O IBAMA e o Ministério do Meio Ambiente, capitaneado por Marina Silva. A companhia quer pesquisar a possibilidade de prospecção de petróleo lá para os lados do Amapá, na foz do Amazonas. O Instituto negou a licença. Todo mundo quer dar palpites.  O pior argumento é de que nunca deu ruim para os lados da Petrobrás. Também não tinha dado pros lados da Vale. E Brumadinho está aí. Está parecendo mais um caso em que o marisco vai dançar. Vamos aguardar para ver em que esse Belo Monte vai dar…

PS: Te mando um cartão postal desse lado do túnel. É uma imagem real. Nela, no horizonte carioca se acumulam milhares de lindas nuvens coloridas. O problema é quando elas se juntam. Onde isso vai dar?

*Valéria del Cueto é jornalista e fotógrafa. Texto  da série “Fábulas Fabulosas” do SEM FIM… delcueto.wordpress.com

 

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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