Olhe para a tristeza assim como para a insegurança, medo, dor, raiva, inveja, culpa, arrependimento, estamos vivendo uma era que chamo de ‘sedução emocional’, o marketing voltado para a dor, para a falta e criando promessas insustentáveis. Quantos artigos, vídeos, mentorias, você encontra para te ajudar a sustentar uma culpa, um arrependimento, uma inveja? Estamos o tempo todo sendo bombardeados por receitas de sucesso, agora ainda com a pegada espiritual, mentoria de milhão, tudo embalado em casas luxuosas, viagens incríveis e corpos mais poderosos ainda. Cadê a vida real? Os sentimentos rotulados como negativos fazem parte da vida, são na maior parte das vezes convites/intimações, e o que fazemos? Fugimos. Antes da pandemia eu vivia dizendo, busque as lições, substitua, foque no positivo. Agora tenho dito, sinta.
Sinta, sinta sem tentar explicar inicialmente, sinta no seu corpo, sustente esse lugar, repita para você mesmo estou triste, acolha, se familiarize com o que acontece. O tempo todo fomos ensinados a olhar para as emoções ditas positivas, mas todas as emoções fazem parte, e quando não desenvolvemos essa familiaridade cometemos o erro de dar o nome errado e o mais comum ainda, tentar jogar o que sentimos na conta do outro. Um momento como esse está exigindo e vai exigir ainda mais de todos nós, pare 30 segundos e pense nos médicos, enfermeiros, técnicos, crianças até os 9 anos que ainda não aprenderam a verbalizar o sentir, professores, famílias, e muitas outras situações. Outro mundo está sendo ‘parido’ e não tem como devolver esse bebê que AINDA está nascendo. A pandemia é uma gravidez indesejada, mas como toda gravidez, vem para criar novos seres. E para sustentar algo tão profundo como esse momento vamos precisar de TODAS as emoções, porque esse novo mundo convida a ‘integridade’, a comunidade, a parcerias, esse bebê que está nascendo (principalmente no Brasil o parto está sendo longo), está chacoalhando todas as desculpas. O viver ‘vivo’ se tornou urgente. Você morre e suas coisas dividirão a sua família. Você morre e todo o tempo que gastou com coisas morre com você, você permanece apenas onde se relacionou à partir do coração. Por isso te convido a sentir todas as emoções, sinta onde elas te levam, respire em cada sentimento e vai perceber como alivia, acolher todos os momentos nos ensina a lidar com eles, daí quando a queda vier você vai saber que é apenas um momento de respirar, olhar para dentro, reorganizar a rota e focar no que realmente importa. Fique bem, se cuide e viva por inteiro.