Com 300 mil seguidores em sua fanpage no Facebook, este senhor completa 84 anos e tem muita história para contar. Um visionário que permeia a história do Brasil e de Mato Grosso. O homem que começou com uma pequena transportadora de pedras para a Prefeitura de São Paulo e se transformou em empresário, dono de banco, construtor de hidrelétrica, metrô e ferrovia, além de ter sido o maior produtor individual de soja do mundo e um dos maiores de algodão e milho do Brasil. E ele continua na ativa.
Seu auge aconteceu nos anos 80, quando se falava muito a seu respeito. Proprietário de 50.000 hectares de plantações de grãos, Olacyr de Moraes era o “Rei da Soja”, o mais jovem bilionário brasileiro a aparecer no ranking da Forbes. Um ícone, o ricaço que frequentava as melhores festas do país sempre acompanhado de uma dupla de loiras, invariavelmente com mais de 1,70 metro de altura e menos de 22 anos. Já foi o maior produtor individual de soja do mundo.
Na época, seu império reunia 40 empresas e seu patrimônio era avaliado em 1,2 bilhão de dólares. Mas nem tudo foram flores. Nos anos seguintes, uma série de investimentos confusos, inoperância do poder público e dívidas acumuladas fizeram a roda da fortuna girar ao contrário: Olacyr perdeu fazendas e fechou as portas de diversos negócios. Hoje, resta-lhe um patrimônio de “apenas” 29 milhões de reais, em empresas em seu nome, que, se não soa desprezível, empalidece quando comparado ao que já possuiu nos tempos de reinado. Sua história poderia ser transformada em um livro de sucesso de Hollywood.
E Mato Grosso estaria nesse roteiro. Em 1979, Olacyr diversificou ainda mais suas operações inaugurando a empresa Calcário Tangará, em Tangará da Serra e, em 1985, fundou a Calcário Itamarati na cidade de Bela Vista, no Mato Grosso do Sul. Ambas as empresas visavam à produção e comercialização de calcário para correção de solos destinados à agropecuária. A capacidade de produção nessas duas empresas era superior a 1.400.000 toneladas por ano.
A partir de 1980, em Chapadão dos Parecis, município de Nova Olímpia, a 200 km de Cuiabá, Olacyr construiu e operou a empresa Usinas Itamarati S/A, proprietária de aproximadamente de 100.000 ha de terras no estado de Mato Grosso, cultivando principalmente cana-de-açúcar em terras próprias e de terceiros.
A partir daí, sempre com cifras de muitos zeros, o megaempresário começou a investir em áreas estruturais, tamanha sua ousadia. Por exemplo: também no Chapadão dos Parecis, em 1989, Olacyr iniciou um programa de melhoramento genético do algodão brasileiro. O resultado de tanta pesquisa e desenvolvimento junto com a Embrapa gerou a criação de uma variedade de algodão (ITA90) de alta produtividade e, graças a ela, o Brasil deixou de ser um grande importador para ser um dos maiores exportadores de algodão do mundo. Olacyr também é o maior recordista de produção de milho em terras brasileiras. Vem daí a atual fase de ouro do agronegócio mato-grossense.
Governo na contramão – Se as empresas de Olacyr cresciam e batiam recordes de produção, os governos federal e estaduais, ao invés de ajudar, só atrapalharam. Um caso clássico é o da Ferronorte, bem ao seu estilo, e que foi a primeira ferrovia executada pela iniciativa privada no país, que visava funcionar como um importante corredor de escoamento de grãos produzidos nas regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil para o porto de Santos, em São Paulo. Este corredor existe de fato nos dias de hoje, chegando a Rondonópolis. Mas, na época, para viabilizar o negócio, foi acordado que o governo do Estado de São Paulo ergueria uma ponte sobre o rio Paraná, ligando Mato Grosso a São Paulo e Olacyr que construísse a ferrovia. Olacyr cumpriu sua parte, mas o governo do estado de São Paulo, não. Somente depois de quase oito anos, após uma intervenção do governo federal, a ponte ficou pronta, gerando um enorme prejuízo ao grande investimento feito por Olacyr. Mais uma história homérica para contar.
Com toda esta epopeia em seu currículo, Olacyr ruma aos 90 anos de idade dando exemplos de como o ser humano pode ser interessante e cativante. Homem de legado universal, inclusive nas polêmicas, este empreendedor merece um grande “muito obrigado” de toda a população mato-grossense. Parabéns, “Rei da Soja”!
“Quando comecei a trabalhar, tinha muito capital para investir: minha cabeça, meus braços e minha vontade de trabalhar!”
“A idade está na cabeça e não no corpo. Consulte a veracidade desta afirmação ouvindo um jovem senhor de 90 anos!”