Me lembro dos primeiros contatos que tive com as oferendas. Era pequeno, e quase sempre, quando acompanhava meus pais e vó, encontrávamos nas ruas vasilhas de barro com velas, panos, cigarros, taças e charutos; Me ensinaram desde cedo que aquilo era oferenda e que eu não podia, de jeito e forma alguma, ter contato com aquilo pois, caso tivesse, meu braço ou perna “cairia”. Demorou certo tempo para eu descobrir e entender a diferença entre o despacho e a oferenda, mas, desde quando entendi a diferença entre um e outro, percebi instantaneamente que aquilo que via, e ainda vemos, nas ruas, nos lugares públicos, não são nem despachos, e nem oferendas, mas sim frutos da falta de conhecimento e espiritualidade somados a imaturidade de muitos que, na busca de fazer algo, acabam causando um imenso
mal para a coletividade, sem falar na sujeira que deixam nas vias publicas.
Oferenda, como o próprio nome diz, é o ato de oferendar, dar, oferecer, algo a alguém. Quando vamos a uma festa de aniversário e levamos presentes ao aniversariante, ou quando enviamos flores para um amor, estamos fazendo formas de oferendas dirigidas a essas pessoas. Assim, logo percebemos, que a oferenda parte do principio do bem estar, para quem dá como também para quem recebe, afinal de contas, ninguém quer dar ou ganhar algo desagradável. O ato de oferendar divindades e espíritos é muito antigo. Na verdade, as primeiras religiões nasceram com o ato de oferendar, se não, vejamos, na Tradição Celta, Católica, Indígena, Indiana, Japonesa, Judaica, o homem sempre se aproxima da divindade através do oferecer; O próprio Cristo se deu a nós como oferenda na última ceia, e isso é sublime de se imaginar, pois, mesmo a espiritualidade maior se dá ao homem como oferenda na tentativa de se aproximar de nós; o mesmo que fazemos em relação a eles. Quando entramos no terreno da Magia, que é, muito superficialmente falando, o ato de movimentar forças da natureza para um determinado fim ou intenção, encontramos várias formas de se
lidar com as energias da natureza e, é nela que entendemos o que de fato acontece em uma verdadeira oferenda, sim, verdadeira, pois como eu disse acima, existem características gerais a toda e qualquer ação de oferenda e que define o fato dela o ser ou não.
A ação de oferendar objetiva harmonizar seu oficiante. É curioso pensar que muitas pessoas acreditam ainda que a oferenda serve para o espirito. Ledo engano. Estando no campo imaterial o espirito não precisa de bebidas, comidas, panos, etc. Na verdade os elementos ali dispostos são fontes energéticas de energias condensadas que, durante a entrega do preceito,
serão manipuladas no astral por determinadas entidades espirituais que, se valendo delas, transformarão e efetuarão a ação desejada no oficiante. Na prática real uma oferenda pode salvar alguém da morte, curar doenças, amenizar perturbações, reestruturar o campo psíquico astral de alguém entre outra infinidade de ações, tudo resultando do encontro e da sintonia entre o ofertante, a entidade espiritual oferendada e a energia oferecida á ela para fins de manipulação. É interessante notar que nem sempre as oferendas se manifestam como sendo comidas, flores, etc, pois, quanto mais elevada a energia a que se oferenda, mais sutil ainda será sua oferenda. Isso explica, por exemplo, a diversidade de oferendas que são feitas no Catolicismo para entidades espirituais, santos, diferentes.
O ato de oferendar se trata de um momento ritual onde a pessoa, um grupo, uma sociedade, uma religião, busca entrar em sintonia com a espiritualidade pessoal através do Mantra, Tantra e Yantra. A oferenda se baseia em conhecimentos científicos, químicos, mitológicos, geográficos, simbólicos, sonoros, astrológicos, planetários, moleculares, cromoterápicos, teológicos, herbários, históricos, fonéticos, entre várias outras ciências que são essenciais para o entendimento e melhor desenvolvimento de uma ação de oferenda; juntas e unificadas essas ciências, na hora da oferenda, se ajustam e se complementam com a intenção de atingir os 5 sentidos do homem, o colocando a par e em contato com todo o Universo visível e invisível. Como vê, uma oferenda está muito longe de ser a simples ação de despejar coisas no chão e sair do local correndo, envergonhado, com receio de ser visto ou vista.
O mais interessante em tudo isso é que todas as religiões efetivam oferendas, pois, se a religião tem a intenção de efetivar a religação do homem com seu criador, então, de alguma
forma, ela deverá passar pela natureza, afinal, Deus é Natureza, basta estudar a Cabala para perceber isso. E de fato, as mais antigas religiões do mundo efetivam oferendas, obstante, aqui no Brasil, por conta, talvez, da crescente perseguição religiosa somada a um assustador preconceito, qualquer religião que fale e faça oferenda de forma aberta e clara é tida como satânica ou coisa do tipo, dessa forma ela aparece maquiada com o nome de práticas de devoção entre outras.
Embora pareça simples, e de certa forma é, é necessário ter uma noção básica mais profunda do que vem a ser a oferenda, pois, caso contrário, pouco ou nada conseguirá se absorver dela. A oferenda é como uma fórmula laboratorial: é necessário seguir os fundamentos verdadeiros e científicos exatos, pois, a junção de elementos sem um prévio entendimento dos mesmos pode, sim, causar danos às vezes irreparáveis. Ou seja, não é algo a que possamos arriscar fazer sem indicações e ou experiência disso.
Na duvida, ou na falta de embasamento, acredite, algo que você dá ao seu irmão com a mais profunda e elevada intenção será vista no Astral como a mais perfeita oferenda que poderias fazer, afinal, o essencial é invisível aos olhos, já dizia Saint Exaupery, e não existe um caminho apenas para se chegar ao Infinito. Saravá.
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