Atualmente, os oito sistemas de captação produzem 67 mil litros de água por segundo para a Grande São Paulo. A capacidade do São Lourenço será de 4,7 mil litros de água por segundo, aproximadamente metade do que é processado em cada um sistemas Alto Tietê e Guarapiranga, por exemplo.
Para o professor da escola de engenharia da USP (Universidade de São Paulo) José Carlos Mierzwa não basta apenas buscar água.
— Com esse mesmo investimento, de R$ 2,2 bilhões, seria possível tratar de forma avançada 10 mil litros de esgoto por segundo. Para cada litro de água que você traz, se você não tratar esgoto, contamina em média 12 litros de água limpa.
O pesquisador, que é pós-doutorado em tratamento de água pela Universidade de Harvard, também explica que "municípios do interior disputam a mesma água da Grande São Paulo porque não podem usar a do rio Tietê, que está contaminada com esgoto".
O reaproveitamento da água é apontado pelo especialista como a forma mais inteligente de evitar crises no futuro. Um exemplo é o Aquapolo que, desde 2012, produz água de reuso para o Polo Petroquímico do ABC Paulista. A economia de água potável gerada é o equivalente ao consumido por uma cidade de 500 mil habitantes.
Lição
O governo afirma que uma crise de estiagem tão crítica quanto a que o Estado está enfrentando só acontece a cada 3.379 anos. Mas a professora Departamento de Ciências Atmosféricas da USP Maria Assunção Faus Silva Dias lembra que, em 2001, São Paulo já passou um período de seca preocupante. Segundo ela, já está dado o alerta que importantes investimentos precisarão ser feitos para evitar a escassez de água.
— O planejamento para o futuro tem que levar em conta que em 14 anos nós tivemos dois episódios de seca. Pode ser que não se repitam, mas temos que estar preparados.
De acordo com a pesquisadora, a chance do fenômeno El Niño provocar chuvas no sistema Cantareira não é alta.
— Nós estamos prevendo o El Niño para o segundo semestre, mas ele deverá provocar mais chuvas na região Sul do Brasil.
Para resolver a escassez em curto prazo, o governo apostou no uso do volume morto do sistema Cantareira e no remanejamento de consumidores para os sistemas Guarapiranga e Alto Tietê.
R7