Opinião

O Zezinho, o Lula e o Trump

Não tem aquela cena manjada nas turmas de adolescentes do ensino médio? Um
grupo rival estimula o mais fraco de seu lado a provocar o valentão do outro,
prometendo apoio de a coisa azedar.

— Vai lá, Zezinho, chuta a canela do Betão, que a gente te garante.

O inocente Zezinho ataca o adversário e, conforme esperado, leva a maior surra. Os
“amigos”, na hora do “vamos ver”, fingem que não é com eles, deixando o coitado
apanhar sozinho.

Pois foi isso que aconteceu com o Lula e seus companheiros do BRICS. Há tempos eles
planajevam forçar o uso das moedas próprias de cada país, substituindo o hegemônico
dólar.

Na reunião do Rio de Janeiro, sob a presidência do Lula, os grandões do grupo —Xi
Jimping, Vladimir Putin e Narenda Modi — devem ter cochichado na orelha do
brasileiro:

— Lula, você que é corajoso, avisa o Trump, que nós estamos planejando escantear o
dólar nos futuros negócios.

— Mas será que ele não vai ficar bravo e me atacar, porque sou mais fraco?

— Relaxa, cara, se ele encrespar, nós estamos aqui pra te defender.

Encorajado pelos companheiros, o Lula avisa o mundo que começava ali o declínio do
dólar.

Passado um dia da altiva declaração, tudo parecia calmo. Dias depois, veio o troco:

— A partir de agora — disse o Trump — seu país vai pagar 50% de imposto se quiser
vender qualquer coisa pra nós.

O Trump que já estava fulo diante da “censura” de suas redes sociais, com a
“perseguição” ao seu aliado político, Jair Bolsonaro, e pelo sucesso do nosso vitorioso
PIX, (que estaria atrapalhando empresas americanas), usou este pretexto para punir o
Brasil.

Não sei se o Lula pediu ajuda ao Xi, ao Vladimir e ao Narenda, mas eles por enquanto
estão se fazendo de mortos, como se não tivessem nada a ver com esta história de
peitar o dólar.

Enquanto escrevo, não há decisão sobre as taxas. De concreto, temos: o Bolsonaro
segue “tornozelado”; o Trump promete dobrar as taxas se o Brasil retaliar; e o Lula
esbraveja na mídia a soberania do Brasil, garantindo que não aceita interferência de
outro país.

Resta o medo de que ocorra aqui o que aconteceu no Canadá, onde o Pavão
Americano colheu o que não queria. Lá, a direita tinha tudo para ganhar a eleição

presidencial, mas uma inesperada antipatia com o presidente dos Estados Unidos, que
prometia anexar o país vizinho, deu força à esquerda que ganhou a parada.

Em 2022, erros grosseiros do Bolsonaro nos impuseram o quinto mandato do PT.
Agora, com a ajuda involuntária do Trump, a astúcia do Pai e a “refinada estratégia” do
Filho (Eduardo), arriscamos sofrer o sexto.

Existe, contudo, uma esperança: cresce o número dos que dizem não votar no
“demiurgo” nem no “mito” em 2026. Estes eleitores, podem decidir as eleições.

Renato de Paiva Pereira.

Foto Capa: Divulgação/Reprodução

Renato Paiva

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