Em sua autobiografia, Chaplin explica a criação espontânea do personagem: "Não tinha ideia de que maquiagem usar. Não gostei do meu visual como repórter [em Carlitos Repórter (Making a Living, 1914, primeiro filme com Chaplin)]. Porém, no caminho para o figurino pensei em usar calças largas, sapatos grandes, uma bengala e um chapéu formal. Queria que tudo fosse uma contradição: as calças largas, o paletó justo, o chapéu pequeno e os sapatos grandes. Não sabia se devia parecer velho ou jovem, mas lembrando que [o produtor Mack] Sennett esperava que eu fosse um homem bem mais velho, adicionei um pequeno bigode que, pensei, me daria maturidade ser limitar minha expressão. Não tinha ideia de como seria o personagem. Mas no momento em que me vesti, as roupas e a maquiagem fizeram com que me sentisse como a pessoa que ele era. Comecei a conhecê-lo e no momento em que entrei no set ele está completamente formado".
Depois de resistir por anos ao cinema falado, estrelando em inúmeros curtas e longas, Chaplin aposentou oficialmente O Vagabundo (ou Carlitos, como ficou conhecido no Brasil) em Tempos Modernos (1936). Alguns dos seus trejeitos foram mantidos no barbeiro de O Grande Ditador (1940), sempre refletindo os ideais sociais de seu criador, mas o personagem seguiu mesmo, ao lado de Paulette Goddard, por uma estrada infinita em direção ao horizonte. Sempre sorrindo.
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