Uma alegria te encontrar novamente. Que 2017 nos traga dentre tanto que esperamos dele, pausas. Neste final de ano a caminho de Brasília comprei uma edição da revista Vida Simples que tinha o tema: Como ter mais tempo? Esse assunto tem me acompanhado. Como estabelecer prioridades? Gerir bem meu tempo? Tudo começou com aquele artigo sobre o qual já conversamos, do rabino Nilton Bonder, “Os domingos precisam de feriados”, a crença de que quem está ocupado é importante permeia muito a nossa vida.
Já escutei muito, ‘quando fico parada me sinto culpada, parece que não estou rendendo’, e a pergunta que sempre surge em mim é: Rendendo pra quem? Como menciona a autora do artigo Débora Zanelato, “…aconteceu algo muito perverso durante a Revolução Industrial: o tempo virou coisa, mercadoria. Aí, entraram para o nosso vocabulário palavras como “gastar”, “poupar”, “desperdiçar” tempo. A substância daquilo que somos também passou a ter preço, afinal “tempo é dinheiro”. “Perder tempo” se tornou nosso maior medo e “ter mais tempo” virou a nossa busca eterna.” Então repito a pergunta, rendendo pra quem? Penso que um dos nossos desafios é equilibrar a demanda externa com a interna, quando vivo muito o ‘fora’, as cobranças não vão diminuir, temos a sensação de estar devendo o tempo todo.
Neste mesmo artigo a autora menciona o escritor argentino Luis Borges “O tempo é a substância de que sou feito. O tempo é um rio que me arrasta, mas eu sou o rio; é um tigre que me destroça, mas eu sou o tigre; é um fogo que me consome, mas eu sou o fogo”, mas, então, se o tempo sou ‘eu’ penso que investigar o porquê das minhas escolhas se faz essencial. Estar mais atenta ao que o coração pede, e para ouvi-lo é preciso parar. Separe alguns minutos do seu dia para ‘ouvir’ seu coração. Uma dica é: pergunte, a você mesmo, qual é meu tempo preferido? E vá juntando num quebra-cabeças, alternando entre o fora e o dentro, criando o próprio ritmo, e não sendo engolido pelo bloco de rua. Namastê