Cidades

O que há de errado com a felicidade?’

Esta pergunta desconcertante e aparentemente contraditória é de Michel Rustin e está na Introdução do livro “A Arte da Vida” de um dos pensadores contemporâneos mais importantes: Zygmunt Bauman.
 
Dizer que há algo “errado” com a felicidade, em pleno século XXI, com todo o avanço tecnológico, com tantas conquistas das ciências para nos garantir uma existência longeva com mais qualidade de vida,  com toda a agilidade e rapidez na comunicação, com milhões de pessoas amigas de milhões de outras pessoas no mundo inteiro… parece o mesmo que perguntar: “o que há de frio no fogo?”, não é mesmo? 
 
Pode haver algo de “errado” com a felicidade nos dias atuais?
 
Parece que sim. Vamos pensar.
 
A felicidade parece, em última instância, ser o objetivo final de nossa busca na vida. Sociedades como a nossa são movidas por homens e mulheres que incansavelmente vivem para buscar, em suma,  maior felicidade. E por governantes que se elegem prometendo melhores condições de vida, o que garantiria, para todas as pessoas, como consequência imediata, mais felicidade.
 
Mas na vida real não é bem assim que funciona.
 
Estudos indicam que existe, sim, uma relação linear entre maior riqueza de uma nação e maior sensação de felicidade das pessoas até um ponto: até quando todas as necessidades básicas de vida estão supridas. A partir daí, não se observa mais esta relação linear. 
 
Isso significa que os países mais ricos não tem, necessariamente, as pessoas mais felizes. O mesmo Rustin, em 2008, colocou que a melhora no padrão de vida observada nos EUA e Grã Bretanha NÃO se associou a uma sensação subjetiva de maior bem estar e felicidade da população. Ao contrário, observou-se até um ligeiro declínio. Japão, Alemanha e França não tem as pessoas que se consideram mais felizes. Aspectos culturais, portanto, se sobrepuseram à maior aquisição de riquezas.
 
Como o indivíduo se coloca neste cenário?
 
Muitos também acham que, individualmente,  um estado de felicidade está necessariamente atrelado à conquista de maior riqueza. Por isso, se dedicam a aumentar suas riquezas, na certeza de que isso aumentará, ato contínuo,  sua condição para uma vida mais feliz.
 
Mas nem sempre é assim que funciona. Pessoas podem estar se tornando mais ricas… mas não necessariamente mais felizes. De fato, parece que a busca incessante pela felicidade pode ser a causa de seu próprio fracasso. 
 
Quantas pessoas trabalham incansavelmente o dia inteiro, e mal tem tempo para saber da vida dos filhos? Para visitar os pais, ou para uma conversa sincera  com um amigo, não virtual, sem pressa, olho-no-olho? 
 
Quantas pessoas que se julgam importantes e que acumularam riquezas incríveis estão por ai morrendo de medo, ou atrás das grades, sem poder aproveitar um dos fatores essenciais para a existência: a liberdade!
 
A felicidade real está dentro da gente, geralmente escondida em pequenos momentos, que vêm à tona quando criamos condições para isso. 
 
Comece o ano valorizando o que, de fato, faz a vida valer a pena para você. Pode estar na prática de um esporte,  no ouvir uma música, na leitura de um livro, em um olhar, em um encontro, em uma conversa gostosa…enfim… a fórmula é única para cada um. Não adianta imitar a do outro. Cada um tem a própria. 
 

Fonte: G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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