Uma das grandes lições que aprendi no coaching foi em relação aos ganhos secundários, ocultos, indiretos. Exemplificando, o cliente percebe que para obter o resultado esperado ele precisar melhorar o planejamento. Assim que peço a ele para me listar o que ganha e perde por não planejar, a primeira resposta rápida é: Eu não ganho NADA, só perco.
Na formação em coaching aprendi que todo comportamento só se mantém porque tem ganhos, e quando esses ganhos começam a ficar menores, nasce a vontade de mudar. Dolores Rizonos traz reflexões interessantes sobre o tema “…Os ganhos secundários podem ser muito sutis e encobertos, de tal forma que a pessoa que os recebe talvez não seja consciente do benefício que está recebendo. A pessoa que sofre de mal-estar por uma doença ou emoções que a oprimem, na verdade é uma pessoa infeliz e, com frequência, se queixa da sua situação.
Contudo, ela reconhece que a sua situação poderia ser pior, já que, apesar do sofrimento, o ocorrido lhe concede alguns privilégios, como ter por perto as pessoas que gosta, ficar sem trabalhar, conseguir mudanças nas pessoas próximas já que elas farão o possível para que melhore o estado e a dor da pessoa que está mal, etc… As pessoas que obtêm algum tipo de ganho secundário evitam as mudanças terapêuticas, já que, apesar do mal-estar, a recompensa obtida com este estado é maior. Contudo, por se tratar de um processo inconsciente, tanto nos ganhos quanto na resistência, quando a pessoa se torna consciente disso, costuma trabalhar mais profundamente a sua mudança de atitude e, consequentemente, a sua melhora de saúde física e psicológica.”
Esse exercício de olhar com amor e aceitação esses ganhos traz uma libertação profunda. Ao lado da lista dos ganhos está a lista das perdas. Não pode haver julgamento de CERTO ou ERRADO, apenas perceba o que acontece com esses comportamentos, porque quando rotulamos algo como “errado” é mais difícil enxergar. Segue um exemplo na prática: o que ganho não planejando? Posso ganhar atenção, adrenalina, liberdade. Mas perco liderança, oportunidades, dinheiro, reconhecimento, saúde, etc. Esse exercício precisa ser feito regularmente, abraçar a própria “sombra” é o primeiro passo para a mudança. Quero finalizar com uma frase do Jung que faz muito sentido pra mim, “Prefiro ser íntegro a ser bom.” Namastê