A presidência da Petrobras tem a mesma importância de um Ministério. Talvez até mais que várias pastas das trinta e tantas, quase quarenta, do governo Lula. Por isso a relevância do primeiro discurso após a posse da Presidente Magda Chambriard nesta última segunda-feira. Com praticidade ela defende a posição de mercado da empresa que agora preside.
Entendendo que a Petrobrás é uma empresa de energia e não somente de petróleo, ela se diz atenta à transição para as inevitáveis transformações que já estão em andamento no mundo e no Brasil.
Entretanto, ela sabe que ainda por muito tempo continuaremos na dependência do petróleo, cujo desmame, mesmo com esforço concentrado, será lento e custoso. Há estimativas de que até o ano de 2030 o consumo do combustível fóssil crescerá. Depois deste período começará uma tendência lenta de queda. Isto se cumprirmos os diversos acordos assinados entre as nações de buscar a descarbonização com especial empenho.
O Brasil está em posição privilegiada nesta empreitada. Poucos países têm à disposição tanta energia sustentável como nós. A começar com a energia hidroelétrica com nossas abundantes usinas hidráulicas e boa disponibilidade de água. Depois vem a cana, cuja tecnologia dominada pelo país move uma enormidade de motores à combustão. Tem ainda ventos fortes e contínuos que impulsionam os “moinhos” eólicos com ótima produção de eletricidade. Não bastasse tudo isso, dispomos de generoso sol aproveitado nas placas fotovoltaicas, que proliferam em todo o país.
Está ainda surgindo o hidrogênio, combustível promissor que também poderá ser um produto de exportação. Ele nasce separando o hidrogênio do oxigênio que existem na água. Este processo demanda uma grande quantidade de energia, pois ele se dá pela passagem de uma potente corrente elétrica em um reservatório de água.
Precisamos de combustível fóssil para produzir o hidrogênio cinza, depois com energia renovável passaremos a produzir o hidrogênio verde que tem alta demanda mundial. A Presidente da Petrobrás conhece as dificuldades por isso insiste na reposição do volume de petróleo dos nossos poços, cuja decadência começará em 2030.
Também chamou a atenção a defesa aberta do capitalismo ao anunciar que a Petrobrás continuará sendo uma empresa que dá lucro aos seus acionistas, entre eles a majoritária União, a quem paga elevados e necessários impostos e para quem destina robustos dividendos.
Sem medo dos ambientalistas, ela insiste na perfuração no litoral entre o Amapá e o Rio Grande do Norte– Margem Equatorial – e no município litorâneo de Pelotas–RS para renovar os estoques do óleo e evitar uma possível importação.
A Petrobrás deverá continuar uma empresa forte e sustentável mesmo depois que dependência do petróleo diminuir no mundo. Mas é preciso prepará-la para essa missão. Uma das medidas é afastá-la da má influência do PT, acostumado a se intrometer em tudo que lhe sirva de palanque eleitoral.
Renato de Paiva Pereira.
Foto: China Newsphoto/Reuters