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O futuro do entretenimento nos aviões

Em 1936, apenas uma década depois do início do transporte comercial aéreo de passageiros ter começado, o dirigível Zeppelin Hindenburg oferecia a seus ocupantes um espaço com piano de cauda, restaurante, bar e sala para fumantes.

Antes disso, já era comum os aviões terem músicos a bordo para distrair os passageiros durante as horas (ou dias) de voo.

Depois da Segunda Guerra Mundial e até os anos 90, a maioria dos passageiros esperava ansiosamente pelo filme que seria exibido na viagem: no início, em uma tela única na frente da cabine; mais tarde, em esparsas TVs embutidas no teto.

Hoje, manter os passageiros entretidos é um negócio sério. E caro: companhias aéreas gastam até US$ 15 mil (mais de R$ 47 mil) em uma poltrona que venha com monitor e comandos, além de uma enorme oferta de programas de TV, filmes e videogames on demand.

Os passageiros podem fazer o streaming de conteúdo diretamente em seus laptops, tablets ou smartphones.

A oferta de wi-fi em pleno voo se tornou rotina em muitas rotas domésticas nos Estados Unidos. Outras partes do mundo estão acompanhando a tendência.

Em muitos casos, o serviço não é barato: os passageiros têm que pagar cerca de US$ 5 (pouco mais de R$ 15) por hora ou US$ 16 (em torno de R$ 50) por dia de acesso.

Apesar do custo, a disponibilidade de wi-fi a bordo influencia a escolha do passageiro na hora de comprar um bilhete, segundo um relatório de 2014 feito pela Honeywell Aerospace, uma das maiores fabricantes de motores e peças de aviação do mundo.

"Cerca de 60% dos entrevistados disseram que optam por companhias aéreas e modelos de aviões que oferecem internet", afirma Steven Brecken, da Honeywell. "Também identificamos que os passageiros estão dispostos a fazer alguns sacrifícios para ter wi-fi a bordo".

Por isso, não é de se espantar que o número de voos com wi-fi esteja aumentando. Segundo Gregor Dirks, da Airbus, nos últimos cinco anos mais de 60 companhias que usam aeronaves da empresa se comprometeram em adotar o sistema.

Mas, por enquanto, a velocidade da internet nos aviões ainda é relativamente baixa. Frequentemente os passageiros só conseguem verificar e-mails e navegar por sites que exigem pouca troca de dados.

Serviços de streaming como o Netflix são bloqueados porque precisam de mais capacidade.

Para as companhias aéreas, oferecer aos passageiros o acesso à internet em pleno ar tem mais a ver com seu próprio bolso do que com satisfazer a ansiedade geral das pessoas de manterem conectadas o tempo todo.
Um exemplo: a manutenção do sistema de entretenimento de seus aviões foi a terceira maior despesa da Air France em 2011, atrás apenas da manutenção das turbinas e dos trens de pouso.

A instalação de poltronas com monitores individuais também é cara. "É algo que chega a custar US$ 7,8 milhões por aeronave, dependendo da configuração", afirma Koen Spaanderman, engenheiro da Universidade de Ciências Aplicadas de Amsterdã, na Holanda.

Algumas companhias já estão se livrando desse tipo de assento. Em 2012, a francesa OpenSkies dispensou o entretenimento a bordo de sua frota de Boeings 757, mas distribuiu 500 iPads aos passageiros, cada um com vários filmes e jogos.

Com isso, a empresa gastou apenas US$ 250 mil (R$ 786 mil) com cada avião – em vez de US$ 3 milhões (cerca de R$ 9,4 milhões).

A nova tendência pode significar ainda que aeronaves menores e mais estreitas, como o Boeing 737 e o Airbus A320, muito usadas em voos de curta e média distância, também passem a oferecer algum tipo de distração a seus passageiros. "Hoje esses aviões não são dotados com telas individuais porque elas afetariam muito o peso e o custo de cada um", afirma Anahita Poonegar, da InterTrust Techonologies Corporation, que instala sistemas de entretenimento a bordo.

Desafios pela frente

Hoje, com o avanço das tecnologias, muitas companhias aéreas pretendem oferecer vídeo on demand diretamente para os aparelhos pessoais dos passageiros usando o wi-fi a bordo.

Na América do Norte, a Southwest Airlines, a United, a Delta e a Jetstar estão entre as empresas que já fazem esse tipo de serviço. O mesmo pode ser feito por passageiros da Lufthansa, da australiana Qantas, da Norwegian Air e da Monarch.

Já a JetBlue, dos Estados Unidos, começou em junho a permitir o acesso ao Amazon Prime, o serviço de streaming da Amazon.

Mas alguns aspectos ainda desafiam a adoção total da internet a bordo pela maioria das companhias aéreas comerciais, a começar pela inexistência de uma banda larga rápida o suficiente para permitir um streaming sem falhas e travamentos.

Algumas empresas, no entanto, estão certas de que o problema é uma questão de tempo. Na Grã-Bretanha, por exemplo, a rede de satélites Global Xpress, da Inmarsat, deve terminar de ser instalada ainda neste ano. Em vez de usar satélites nas faixas Ku-band e L-band, a GX vai usar a Ka-band, de frequência mais alta, o que deve aumentar significativamente a velocidade da internet a bordo de aeronaves.

Além da questão da velocidade, há desafios como a duração da bateria, a limitação do conteúdo, o armazenamento dos equipamentos e até o local onde serão instalados. Isso sem falar na preocupação com os riscos de se ter uma rede wi-fi que pode ser hackeada.

Outro grande problema das companhias aéreas é como certificar e espalhar esse tipo de serviço em toda a frota, segundo Norbert Muller, vice-presidente sênior da Lufthansa Systems. "Em muitos casos, o serviço não é gratuito e os custos de conexão são muito maiores do que em terra", alerta.

Realidade virtual e mais

E o que mais o futuro reserva aos passageiros? Atualmente, estão sendo estudadas telas HD flexíveis e ambientes em 3D. Recentemente, a companhia Transavia começou a testar aparelhos Oculus Rift, de jogos em realidade virtual, oferecendo-os para quem embarca no voo entre Amsterdã e Barcelona.

Daqui a pouco, poderemos ter telas holográficas pelas quais podemos conversar com amigos e parentes a centenas de quilômetros de distância, e até usarmos uma luva especial para tocá-los.

Parece exagero ou pura fantasia? Bem, segundo Martin Raymond, co-fundador da consultoria de tendências The Future Laboratory, essas tecnologias "já estão entre nós". "Os protótipos são ridiculamente caros atualmente, mas os preços devem cair quando os produtos entrarem no mercado", afirma.
Ainda assim, é a possibilidade de estarmos sempre conectados o que deve ser a principal mudança no mundo das viagens em um futuro próximo. "Hoje em dia, os passageiros americanos se irritam quando descobrem que seu voo não tem wi-fi", diz Al St. Germain, vice-presidente da empresa de marketing a bordo Spafax. "O maior desafio para qualquer companhia aérea é lidar com as expectativas dos passageiros."

Fonte; BBC

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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