Em minha humilde opinião, o ministro Luis Fux “aplicou” um 171, como se diz na gíria carioca e no dialeto do nosso querido Tim Maia.
Fez um tremendo marketing, um barulho dos grandes em relação a delação do ex-governador Silval Barbosa, abusando do termo “monstruosa”.
Então vamos lá. Convenhamos que um camarada do Rio de Janeiro, que conhece bem os bastidores da política, do judiciário e do “way of life” dos fluminenses, se espantar com a delação do Silval, é uma tremenda fanfarrice, daquelas de dar inveja a velha malandragem da Penha.
O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, está preso, respondendo a catorze processos e caminhando para o décimo quinto. O ex-governador, Garotinho, já foi preso e agora voltou para o xilindro. Quase todos os conselheiros do Tribunal de Contas do Rio, foram presos ou afastados e são alvos de inquéritos. O senhor Fux emplacou sua filha, récem saída da faculdade, no Tribunal Regional Federal. A situação do estado do Rio de Janeiro hoje é de caos generalizado em todos os setores. Funcionários a meses sem receber, saúde sem funcionar, aposentados sem receber e tem uma das polícias mais corruptas do mundo. Sessenta por cento do território é controlado por traficantes das favelas ou por milícias, gerando um absurdo sem precedentes na nossa história de governo paralelo. Diariamente, são denunciados dezenas de casos de corrupção nos municípios, envolvendo prefeitos e vereadores e na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
As investigaçōes recentes, que envolvem a cúpula do poder no estado, ja estima algo em torno de mais de quinze bilhōes em desvios de dinheiro público, incluindo ai as obras da Copa e das olimpíadas.
Para quem conhece um pouco a política de Mato Grosso e vem acompanhando já a algum tempo ou é do meio empresarial, não viu nenhuma novidade no que foi delatado pelo ex-governador Silval Barbosa. Sendo assim, eu me pergunto: cadê a “monstruosidade” da tal delação? Por enquanto é só um bichinho feio, um saracura.
Pode ser que eu esteja enganado, que a coisa feia, que tanto espantou o ministro Luis Fux, nascido e criado no Rio de Janeiro e que já viu de tudo nessa vida, esteja nos dois anexos que ainda estão sob sigilo. Caso contrário, não passou de um rastro de onça. O barulho todo que o ministro fez na mídia nacional tenha sido com o intuito de desviar a atenção de outras denúncias. Porém, caso esteja eu “enganado”, chegou a hora da onça beber água, e já passou do momento do ministro então, mostrar para toda a sociedade este monstro que o deixou tão indignado, tirando o sigilo dos dois anexos. Sugiro inclusive, que entidades como a OAB e a imprensa em geral, pressione para que se tire o sigilo desses anexos e assim saberemos se o espanto do ministro faz sentido ou ele é apenas mais um fanfarrão que usou Mato Grosso. Pois esperávamos uma carreta bi-trem, e por enquanto, as denúncias não passaram de um fusquinha 69, com lanterna Fafá de Belém.
*Rodrigo Rodrigues, empresário, jornalista e gestor público.