O diabo permeia o ideário popular trazendo muitas passagens sobre a sua sabedoria e experiência às vezes contadas sob a forma de fábulas ou lendas, existindo no nosso país vários epítetos para nominá-lo, entre os quais: Maligno, Coisa-ruim, 7-Peles, O inimigo, Satanás, Tinhoso, Capeta, Capiroto, Satã, Peralta, Demo, Belial, Demônio, Cão, Desgraçado, Maldito, Anjo-Mau, Belzebú, Príncipe-das-Trevas, Pai-da-Mentira, Chifrudo, Mafarrico, Malfazejo, Exu, Djanho e Sanguanel.
Na tradição cristã é comumente tido por uma entidade sobrenatural ou a representação do mal que era originalmente um anjo querubim, responsável pela guarda celestial, expulso dos Céus por ter criado uma rebelião de anjos contra Deus com o intuito de tomar o trono do Criador.
E o folclore com sua grande imaginação tratou de lhe desenhar com a cor vermelha, feições humanas monstruosas e com chifres, pés de bode, rabo pontiagudo e um tridente na mão, para remeter a um cetro ou objeto de tortura, associando-o a um conceito escatológico de fim do mundo.
Mas o diabo traz algumas lições por meio de metáforas que deveriam ser mais bem compreendidas, ainda que se continue a ter sobre o seu conceito de ente sobrenatural do mal todas as reservas.
É plenamente possível que, mesmo diante de situações em que se suponha estar havendo uma intercessão diabólica, ocorra a escolha pela decisão que melhor atende ao bem e a virtude, tudo dependendo de como o indivíduo vai se portar.
Já houve certa vez que se perguntou: por que o diabo é o diabo? E de todas as respostas apresentadas, entendeu-se que a melhor seria: porque ele é velho e experiente, sabe como se sair bem em todas as situações. Isso não deixa de ser uma verdade em termos.
Velhice e experiência são atributos esperados na maturidade e antes ambos representavam a síntese de todo o processo de crescimento psicológico e definiria a maturidade tanto cronológica quanto a psicológica ou emocional. Hoje não é bem assim, pois ainda há muitos que apesar da idade não alcançaram a maturidade esperada.
Igualmente, diz-se que não se deve ter muita preocupação quando o diabo não está junto de nós em algumas situações periclitantes, mas sim quando ele estiver próximo, principalmente no momento de se decidir por fazer ou não fazer determinada ação.
Parece paradoxal afirmar isso, mas é também uma constatação com foros de alguma verdade, uma vez que nos momentos mais extremos, quando o diabo não se aproxima, provavelmente fizemos a coisa certa, enquanto que nesses mesmos momentos cruciais, quando o diabo está próximo a nós, certamente poderá estar ali para nos impedir de fazer o correto e capturar nossa alma.
E para finalizar sobre as lições do diabo, porque não lembrar o filme “O diabo veste Prada”, com a interpretação brilhante de Meryl Streep, atuando como a editora-chefe de uma revista considerada a bíblia da moda. E não parecem ser, e efetivamente não são, nada de lições diabólicas.
Com efeito, a película ensina apenas lições de gestão de pessoas, sem que isso implique em malignidade, tais como exigência de resultados rápidos e acima da média, fazer do impossível o possível, atenção a todos os detalhes, ser detalhista custa e vale a pena, e nunca esperar por reconhecimento. Tudo o que se pretende como boas ações para o dia-a-dia de produtiva labuta.
Enfim, o diabo nosso de cada dia pode ser uma excelente oportunidade para nos tornamos cada vez mais pessoas melhores, pois santas certamente talvez nunca iremos ser, até porque dá muito trabalho se separar do que é impuro e mau, deixando de lado o pecado definitivamente com dedicação total a devoção ao que se convencionou chamar de Deus.