Os oráculos fazem parte da história da humanidade e seria uma tarefa impossível tentarmos elaborar uma lista de todos os oráculos que já existiram e ainda existem na humanidade. Eles, de modo geral, nascem em um momento de experiência espiritual em busca da compreensão do caminho percorrido ontem, hoje e o que se percorrerá amanhã. No Brasil dois oráculos são amplamente conhecidos: o jogo de cartas (na maioria das vezes se trata do Tarot de Marselha embora existam pessoas que utilizem o baralho comum) e o Jogo de Búzios. Hoje trataremos do Jogo de Búzios.
O conhecido Erindilogun (jogo composto por 16 búzios) é um dos métodos oraculares regidos pelo orixá Ifá, o Senhor do Destino; além dele existem outros meios pelos quais Ifá se comunica com o homem, no entanto são menos conhecidos no Brasil e poucas pessoas sabem lidar com eles de fato.
No Jogo de Búzios temos a manifestação dos Odús que se mostram conforme a situação. Esses Odús representam energias que se encontram na vida do consulente e podem se mostrar em estado positivo ou negativo de acordo com a energia atual da pessoa. Cada Odú carrega consigo uma carga imensa de Itans (histórias), saudações, Ebós, e características próprias que permitem ao Sacerdote averiguar com muita precisão os acontecimentos da vida do consulente. Esses 16 Odús podem se juntar um ao outro, formando assim 256 possíveis combinações que também carregam consigo um significado, características e ações próprias.
Embora seja muito popular, o Jogo de Búzios é complexo ao extremo e lidar com ele exige muito estudo, análise e experiência, além de, é claro, consagração e autorização para que seja jogado por alguém, afinal de contas, ele é um sistema oracular secreto da casta sacerdotal dos Orixás e para que os búzios de fato falem o que acontece é necessário que as energias ali manifestas reconheçam o jogador como um Babalawô de fato. Ultimamente tenho visto muitas pessoas supostamente “aprendendo” a lidar com esse oráculo por meios materiais tais como sites, livros, vídeos etc.; grande perda de tempo, pois muitos segredos permeiam esse oráculo, segredos que não estão disponíveis em qualquer outro meio que não seja a iniciação sacerdotal e tradicional.
Como um oráculo, o Erindilogun executa de forma positiva sua função; a cada vez que abro os búzios em consulta para alguém uma satisfação imensa me toma conta ao constatar o quanto o autoconhecimento faz bem para as pessoas e permite uma melhor caminhada e forma de enxergar a vida, além de, é claro, apontar o que pode ser feito em campo de magia para ajustar aquilo que poderia estar melhor. O grande filósofo tinha razão: conhecer-se a si mesmo é o passo inicial para uma vida plena e harmoniosa e os búzios consagrados a Ifá são uma boa companhia nesse caminho árduo mas necessário.
Axé!