Para o secretário de comunicação do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), Gilmar Soares, o ensino médio vive uma crise no mundo, pois não consegue ser atrativo para os jovens, analisando que o caso é ainda mais grave em Mato Grosso, pois, segundo ele, a área não consegue partilhar das riquezas produzidas no Estado, que fica concentrada nas mãos de poucos.
“Do ponto de vista da escola pública, o problema do ensino médio é complexo. A avaliação que se tem é que ele não corresponde às expectativas da juventude. Há uma crise no mundo em relação ao segmento, e em nosso Estado o quadro é mais adverso, pois temos um PIB maior do que o nacional, mas é uma riqueza que fica concentrada nas mãos de uns poucos. A educação não se beneficia disso”, diz ele.
A disparidade entre os estudantes de escolas particulares e públicas é expressa em números do próprio Ministério da Educação (MEC). Nenhum dos vinte colégios mais bem classificados no Enem, em Mato Grosso, é estadual. O sindicalista aponta que boas condições financeiras dão suporte a uma formação ampla, contribuindo para que o aluno se saia bem no teste.
“Quem está na escola pública possui condições financeiras menores do que as famílias que podem pagar por um colégio particular. Esses alunos não podem, por exemplo, ter acesso a formação cultural e de lazer, que são coadjuvantes na formação do estudante e do cidadão”.
Soares afirma que um dos caminhos para a melhora desse quadro é o cumprimento da Constituição Estadual, que obriga a destinar 35% dos recursos de renúncias fiscais para a educação, dizendo ainda que o Enem é uma iniciativa inovadora, pois subverte a lógica das indústrias dos cursinhos que, até pouco tempo, cerceavam ainda mais o direito à educação superior pública de qualidade à população.

Para ela, o Exame Nacional do Ensino Médio é a política de Estado que pode fazer ascender pessoas de classes mais baixas a uma educação pública de qualidade. Maria fala ainda que o perfil dos estudantes ingressantes nessas instituições vem mudando, tendo em vista que o foco também é dar chances para aqueles que estudam na rede estadual, e não apenas aos advindos de escolas privadas.“Percebemos hoje um perfil diferente de universitários em instituições públicas, pois muitos deles são filhos de trabalhadores. Não raro, os próprios alunos é que são os trabalhadores”, diz ela.