Política

O confronto de líderes indígenas de MT em torno da política e do ambiente

Líderes indígenas em Mato Grosso polarizam a discussão sobre a exploração de terras das etnias (TI) e a preservação ambiental.  Nesta semana, Ysani Kalapalo, do Xingu, e o cacique Caiapó Raoni ficaram sob o holofote, em Brasília, ao serem recebidos por políticos numa espécie de balanço.

Eles deram entrevistas em dias diferentes, mas houve respostas de um a outro sobre a imagem dos indígenas transmitida na Semana do Meio Ambiente, em Nova York.

Na última quinta (26), a jovem Ysani Kalapalo, uma figura que desponta como líderes de mulheres da região do Xingu, foi a referência do Bolsonaro em seu discurso no evento da ONU e integrou a comitiva oficial do País. De volta ao solo brasileiro, ratificou o que foi dito pelo presidente. Ela diz representa o “indígena do século XXI”, que “assim como o homem branco, precisa de dinheiro, precisa produzir”. Um indígena que, diz Ysani, “muitos ainda não conheciam e muitos ainda não conhecem”.

Ela iniciou sua fala com uma mensagem em sua língua nativa e depois falou em português. Mas, não havia a preocupação de falar por todos indígenas no atrito do assunto.

“Estou falando dos povos indígenas do século XXI. Muitos falam o índio que se ainda estivesse lá no passado. Estou aqui para apresentar a versão atual do índio brasileiro. Não somos como há 500 anos atrás, quando vivíamos de pesca e caça. Hoje, o índio brasileiro depende tanto de dinheiro quanto o homem branco que vive na cidade”.

O recado ao cacique Roani, que tem apoio de agentes políticos conhecidos no País e celebridades do showbusiness, veio logo em seguida sob a visão política de ligação com ONGs. “Eu estou aqui para falar o que muitos líderes não querem falar ou têm medo de falar. Eu falo mesmo. Hoje, o povo indígena necessita de saúde, de comida do homem branco e dinheiro. Sim, dinheiro. O índio o qual represento, e também não me importo que não sente representado por mim, quer produzir, quer ter a sua independência”.

O cacique Raoni, considerado a maior liderança indígena no Brasil, deu declarações no dia anterior, quarta (25), na Câmara Federal, e disse que o presidente Bolsonaro não é o líder que Brasil precisa.

Ele também fez questão de iniciar a fala na língua nativa. Foi uma resposta direta a Bolsonaro: “O Bolsonaro falou que eu não sou uma liderança. Ele é que não é uma liderança e tem que sair. Antes que algo de muito ruim aconteça, ele tem que sair para o bem de todos”.

Disse ainda que não busca a violência e que voltou a reforçar sua defesa do ambiente. “Minha fala é para o bem-viver, minha fala é tranquila. Não ofendo ninguém, que todo mundo viva com saúde, com tranquilidade. A minha luta é pela preservação do meio ambiente.  Hoje todo mundo está voltando os olhos para a destruição do meio ambiente e o trabalho é para fortalecer e preservar o meio ambiente para todos”.

O choque entre os líderes veio a público no bojo da polêmica de incêndios na floresta amazônica, no fim de agosto. De um lado, o presidente da República atribuiu o aumento de queimadas a ONGs e, do outro, o cacique disse que os casos estavam atrelados à política ambiental deste governo, fala usada por outros Países para criticar Bolsonaro. 

O cacique Raoni discursou na ONU e foi ovacionado pelos simpatizantes. Seu prestígio junto a figuras e entidades internacionais o colocou na lista de cotados para o Prêmio Nobel da Paz.

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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