O Capital, Livro I, de Karl Marx, está fazendo aniversário! Comemorados pelo mundo afora, os 150 anos do livro que analisa o modo de produção capitalista, publicado em Hamburgo, em 14 de setembro de 1867, encontra-se em voga. É o único volume de O Capital publicado durante sua vida. Os livros II (1885) e III (1894) foram organizados por Friedrich Engels. Para o historiador Jacob Gorender, “O Capital não é uma bíblia e nem um livro de leitura, mas de estudo e reflexão”.
Foi antes da publicação de O Capital que o termo “comunismo primitivo” surgiu. É no livro A Ideologia Alemã (1845), que Marx e Engels explicam-no como a primeira forma de sociedade, fase inicial do desenvolvimento de todos os povos. Engels, em A origem da família, da propriedade privada e do Estado (1884), analisou os povos das Ilhas do Pacífico que viviam de uma economia comum, o estado selvagem, como um dos estágios pré-históricos de cultura. Lewis Morgan, também adepto ao evolucionismo, designou três períodos étnicos que marcaram a história: selvageria, barbárie e civilização, análise atualmente combatida.
No sesquicentenário de O Capital, por que lê-lo? Hugo da Gama Cerqueira, da UFMG, responde ao Caderno Pensar, do jornal Estado de Minas: “o capitalismo ainda é aquele examinado por Marx e O Capital é, de longe, a melhor análise já feita sobre as estruturas fundamentais do capitalismo, suas determinações essenciais, as leis econômicas que regem o movimento das sociedades modernas. Por essa razão, ler O Capital continua importante e atual, leitura que é incontornável para quem quiser entender as questões do nosso tempo”.
Por que ler O Capital? A lembrar de Miguel de Cervantes Saavedra, “ditosa idade e afortunados séculos aqueles, a que os antigos puseram o nome de dourados, não porque nesses tempos o ouro (que nesta idade de ferro tanto se estima!) se alcançasse sem fadiga alguma, mas sim porque então se ignoravam as palavras teu e meu!”. Em pensar que ainda hoje há povos que ignoram tais palavras.