Enquanto muitos jogadores choravam a derrota nos vestiários do Estádio Nelson Mandela Bay, em Port Elizabeth, o camisa 1, que tinha falhado num lance crucial da partida, foi um dos primeiros a sair para dar entrevistas.
O goleiro percorreu o caminho reservado ao contato com os jornalistas e atendeu a todos, mesmo tendo que segurar as lágrimas a cada tentativa de explicar a eliminação. Desde então, tinha o desejo de retornar à equipe – mas, ao contrário de muitos jogadores que pedem abertamente uma chance de vestir a camisa da seleção, Júlio foi sempre respeitoso e humilde, evitando fazer esse tipo de cobrança. O tempo passou, o Brasil não encontrou um novo titular absoluto e, na quarta-feira, o titular de 2010 tem tudo para começar a garantir uma vaga em 2014 – com a volta de Luiz Felipe Scolari ao comando da seleção, Júlio César pode ser um dos escolhidos para dar mais experiência à equipe.
Vivendo um bom momento na Inglaterra – foi o grande destaque do modesto Queens Park Rangers nas duas últimas rodadas da liga local -, Júlio voltou a atrair o interesse de grandes clubes europeus (foi citado como possível reforço dos gigantes Manchester United, Arsenal e Real Madrid) e tem, de novo, a confiança de muitos torcedores brasileiros. Ele conversou por telefone, de Londres, com a reportagem do site de VEJA:
Como foi esse tempo longe da seleção brasileira? O Mano Menezes optou por outros goleiros logo depois da Copa América, em 2011. Sempre respeitei a opinião do treinador, mas nunca desistir de voltar a jogar pelo Brasil.
E a derrota na Copa de 2010? Passados quase três anos, tem explicação? A Copa do Mundo é uma competição com uma pressão muito grande. Fiquei abatido porque o grupo estava confiante e poderia chegar à final.
Ganhamos vários títulos antes da Copa do Mundo, a gente tinha potencial para ir mais longe. Depois da derrota, me apoiei muito na minha família, pessoas que me amam bastante. Fiquei cerca de dez dias sem sair de casa.
Foi o pior momento da sua carreira? Não vou dizer o pior momento, mas foi muito triste. Não uso muito o adjetivo pior. Como qualquer outro jogador, tenho momentos alegres, bons e tristes.
Como foi a transição para jogar na Inglaterra? A Inter de Milão optou por uma linha de administração diferente, com fair play financeiro, para economizar dinheiro. Alguns jogadores renegociaram o contrato com redução de salário. Não aceitei e eles falaram que poderia procurar um novo clube, que já estavam atrás de um goleiro.
Quais os pontos positivos de morar em Londres? Em cinco meses morando aqui, não tenho nada a reclamar. O povo é muito educado e respeitoso. A única coisa chata é o clima, mas isso passa batido, porque as outras coisas compensam. Eu costumo frequentar muitos parques com minha família, consigo fazer tudo a pé.
Como é jogar o Campeonato Inglês? A atmosfera é bem legal, é tudo muito bem organizado. O futebol tem muita força, com bolas sempre lançadas na área. A saída do gol é um fundamento que o goleiro que joga na Inglaterra treina muito.
E os boatos de transição para grandes clubes da Europa? Fiquei muito feliz, não vou mentir. É sempre bom ter o nome ligado a grandes clubes, sinal que meu trabalho está sendo bem reconhecido. Mas sei que minha realidade hoje é o QPR, que está na última posição e precisa somar o maior número possível de pontos nas últimas rodadas para se salvar.
FONTE: PrimeiraHora | VEJA NOTÍCIAS