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Número de lares com insegurança alimentar grave cai 19,9% no Brasil

O número de domicílios que enfrentaram insegurança alimentar grave no Brasil diminuiu 19,9% em um ano.
Em 2023, 3,1 milhões de lares estavam nessa situação, número que caiu para 2,5 milhões em 2024. O percentual de famílias com percepção de insegurança alimentar grave passou de 4,1% para 3,2% dos domicílios.

Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) – Segurança Alimentar, divulgada nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os pesquisadores visitaram famílias em todo o país e perguntaram sobre a percepção dos moradores em relação à insegurança alimentar nos três meses anteriores à entrevista.

A pesquisa segue a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia), que classifica os domicílios em quatro níveis:

  • Segurança alimentar: acesso suficiente à comida sem comprometer outras necessidades.
  • Insegurança leve: preocupação ou incerteza quanto ao acesso aos alimentos.
  • Insegurança moderada: redução ou falta de comida entre adultos.
  • Insegurança grave: redução ou falta também entre crianças, quando a fome passa a ser vivida no lar.

Insegurança alimentar em queda

O percentual de domicílios em situação de segurança alimentar subiu de 72,4% em 2023 para 75,8% em 2024, o que representa 59,4 milhões de lares com comida garantida.

A insegurança alimentar total (leve, moderada e grave) caiu de 27,6% para 24,2%, atingindo 18,9 milhões de domicílios, onde vivem 54,7 milhões de pessoas.

Em um ano, 2,2 milhões de lares deixaram a condição de insegurança alimentar:

  • Leve: de 18,2% para 16,4%
  • Moderada: de 5,3% para 4,5%
  • Grave: de 4,1% para 3,2%

O Brasil tinha cerca de 76,7 milhões de domicílios em 2023, número que subiu para 78,3 milhões em 2024.


Trabalho e renda

A pesquisadora Maria Lucia França Pontes Vieira, do IBGE, destacou o papel do mercado de trabalho e dos programas sociais na redução da fome.

“Para adquirir alimentos, vai ser através de renda. Essa renda ou vem do trabalho ou de programas assistenciais”, explicou.

Ela afirmou que a pesquisa não permite identificar quanto da melhora veio do emprego ou dos programas como o Bolsa Família, mas que ambos tiveram impacto positivo.


Mínima histórica

A soma das duas piores formas de insegurança alimentar (moderada e grave) atingiu 7,7% dos domicílios em 2024, o menor nível já registrado.

Percentual de domicílios com insegurança alimentar moderada ou grave:

  • 2004: 16,8%
  • 2009: 11,5%
  • 2013: 7,8%
  • 2017/2018: 12,7%
  • 2023: 9,4%
  • 2024: 7,7%

O índice de segurança alimentar de 2024 (75,8%) é o segundo maior da série histórica, atrás apenas de 2013 (77,4%).

“Embora as metodologias variem entre as pesquisas, é possível observar uma melhora significativa na segurança alimentar ao longo dos anos”, disse Maria Lucia Vieira.


Desigualdades

A insegurança alimentar ainda é mais comum nas áreas rurais, onde 31,4% dos domicílios vivem essa realidade, contra 23,2% nas áreas urbanas.

Segundo Vieira, o acesso à terra não garante variedade ou quantidade adequada de alimentos.

“Quem planta ou cria para consumo próprio geralmente não tem a mesma variedade e quantidade de alimentos que famílias urbanas”, explicou.


Regiões e estados

As regiões Norte e Nordeste concentram as maiores proporções de domicílios com insegurança alimentar moderada e grave:

  • Norte: 14,1%
  • Nordeste: 12,3%
  • Centro-Oeste: 6,1%
  • Sudeste: 5,5%
  • Sul: 3,8%

Os estados com maior segurança alimentar são:

  • Santa Catarina (90,6%)
  • Espírito Santo (86,5%)
  • Rio Grande do Sul (85,2%)

Os menores índices estão no:

  • Pará (55,4%)
  • Roraima (56,4%)
  • Piauí (60,7%)

Santa Catarina também apresenta o menor percentual de insegurança alimentar grave: 2,9%.

Mapa da Fome

Em 2025, o Brasil deixou novamente o Mapa da Fome, indicador da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) que inclui países com mais de 2,5% da população em situação de subalimentação grave.

O combate à fome é uma das prioridades do governo brasileiro. Em 2024, o país lançou a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, reunindo nações em ações conjuntas.

Na próxima segunda-feira (13), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participará do Fórum Mundial da Alimentação, em Roma (Itália), promovido pela FAO.

Com Agência Brasil

Lucas Bellinello

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