Em novos trechos obtidos por Migalhas dos arquivos apreendidos na operação Spoofing, o ex-juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dellagnol buscavam ajudar um ao outro se manterem informados sobre os próximos passos e decisões.
Em 5 de fevereiro de 2016, Deltan pergunta a Moro se há prazo para protocolar peça, e envia o documento "quase pronto" caso Moro precisasse "adiantar algo". O ex-juiz informa o prazo de 3 dias, alertando para não deixar passar, "pois é importante".
Após, no que acreditamos ser uma mensagem de Dallagnol para Moro, o procurador pergunta se teria como a vara transcrever vários depoimentos da investigação do Lula. Moro então, diz: "Nao sei. Se degravar por aqui, é empresa terceirizada e nao garanto sigilo. Nao sei ainda se i contrato cobre."
Na noite do mesmo dia, Deltan pede ajuda em um caso do Rio de Janeiro. Moro, então, opina que talvez seja o caso de Deltan "falar com o seu colega do RJ", finalizando: "Nao tenho paciência para isto".
Ainda no mesmo dia, Deltan diz a Moro que "Gebran e colegas da regional entenderam que não seria o caso de homologar o acordo do Auler" e pergunta se podem prosseguir "Se preferir, vou à JF conversar pessoalmente". Moro responde que "Para mim tanto faz aonde. Mas quai foram as condicoes e ganhos?". Deltan diz que não sabe e que irá chegar para informá-lo.
Em 11 de fevereiro de 2016, o diálogo é sobre novidades na investigação sobre o "ex-presidente". "São novidades muito, mas muito, boas (…) Incrivelmente não estão na imprensa (rs)".
Deltan pede prioridade a Moro, em 15 de fevereiro de 2016, em uma decisão de compartilhamento que ajudaria em ação de improbidade contra a Odebreacht. Deltan ainda fala com Moro sobre um evento privado e pergunta se quer que peça para reservar para ele. Moro diz que já viu com a pessoa diretamente, e que Gebran e Gabriela teriam se interessaram.
Por fim, no dia 16 de fevereiro de 2016, Deltan confidencia a Moro execução de mandado de prisão. O ex-juiz agradece "Great news. Prisao deles entao."
No mesmo dia, Moro diz a Deltan sobre "decisao historica em andamento do stf". O procurador pergunta se é "Do sigilo bancário" e se tem alguma atualização. O ex-juiz diz que está "7×1 ate agora para rever o precedente".
Relembre
No final de janeiro, vieram à tona algumas mensagens do ex-juiz Sergio Moro orientando o procurador Deltan Dallagnol sobre o processo de Lula. Após a revelação, Lewandowski determinou o sigilo sobre a ação da operação Spoofing, de onde vieram as tais mensagens. Eis que em 1º de fevereiro, o ministro retirou o sigilo das conversas entre procuradores da operação Lava Jato e o ex-juiz.