Esse ano não estou errando uma. Falei que a China ia plantar soja na África. Falei que Trump iria perder nos Estados Unidos. Falei que o Bolsonaro era Mick Jagger das eleições. Falei que Manu e Boulos não ganhavam, falei que a arrogância de Abílio e sua turma iriam fazer ele perder no Segundo turno. Estou praticamente um João Diná. Praticame…..
– Putaqueopariu João Gordo! Fala que a gente vai ganhar na loteria! Fala que vamos fazer uma viagem pro exterior! Fala que vai ter a vacina, porra!
– Ai, amor…. que grosseiria!!! Só pensa em dinheiro!!! Até parece que falta alguma coisa. Você é muito capitalista!
Lilian solta a calculadora. Fecha seu laptop e olha no fundo dos meus olhos:
– Capitalista? E essa porcaria de política vai pagar as nossas contas? Essas discussões de zap zap vão melhorar as escolas? Vão melhorar os hospitais?
– Pode ser que…
– Pode ser e será, tem uma distância muito grande! Nem votar, você foi votar! E bora trabalhar que aqui não tem nenhum comunista!
Tudo agora ou você é comunista ou você é do PT. Ou é Lula Livre. No Brasil a retórica não muda. Nessa polarização perdeu-se os argumentos. Sem falar que Pisciano é uma bomba relógio.
– Comunista????Quem aqui é comunista???? Sou publicitário!!!! Já viu onde você mora?????
Maria que, até então estava zumbizada no celular, se assusta com meus gritos.
– Buáaaaa!!!! Buáaaaa!!!! Porque você é esse monstro????? Buáaaaa!!!! Buáaaaa!!!! Co-mu-nis-ta!
Num rompando digno the Flash, Chico entra no escritório gritando:
– Comunista! Comunista! Comunista!
Lilian, meio que pegando carona, meio com stress de um financeiro que tem que pagar o décimo terceiro, também cai no choro.
– Tá vendo João! O que essa política leva????? Tá feliz agora???? Tá feliz agora????
Joãozinho com caderno na mão, fone no ouvido, para em frente a porta, soltando os pulmões:
– Gente! Vamos nos acalmar! O Brasil tem que parar com história de direita e esquerda! A gente precisa é ir pra frente!
Silêncio absoluto. Esse é o meu filósofo. Esse é meu guru. Sempre sensato. Ele olhava Meirelles no horário político e dizia que o único que sabia o que estava falando. E as vezes era mesmo. Estamos naquela fase que precisamos de uma grande coalisão para reerguermos o país. Unir e não dividir. Esquecer as arestas. Esquecer a política do ódio. Esquecer os ataques. Esquecer o próprio umbigo e voltar a discutir propostas para o bem comum. Independentemente de partido ou posição política, devemos implantar a política do amor. Disseminar o afeto e a boa vontade em todas as suas vertentes. Só o amor constrói.
Maria interrompe o silêncio apontando pra mim abrindo o maior berreiro.
– Papai é comunista! Buáaaaaaaaa!!!!! Buáaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!