Circuito Cinema

Novo ‘Transformers’ repete exageros em 165 minutos de filme

 
O diretor Michael Bay ("Armageddon", "Pearl Harbor") parece mais preocupado em bombardear a tela com incessantes cenas de ação do que em comandar bem a trama. Pelo menos, ele poderia cadenciar melhor o que acontece no filme, sem se alongar nas sequências. Há limite para explosões até em filme que mistura carro, robô e dinossauro. Incomoda um pouco o jeitão Michael Bay de (não) pensar o cinema. Estão lá a câmera lenta; os enquadramentos de baixo para cima para deixar personagens mais imponentes; e muitas bandeiras dos Estados Unidos. Se você acha que viu muita flâmula norte-americana na Copa do Mundo… Imagina em "Transformers".
 
A história se passa cinco anos após os eventos de "Transforners: O lado oculto da lua". Depois da devastação causada pela batalha contra os Decepticons na cidade de Chicago com milhares de mortos, os carros robôs não são mais bem vistos pelo governo e muitos foram destruídos. Alguns estão desaparecidos, como Optimus Prime, ferido (e disfarçado de caminhão velho). Ele chega à casa do inventor falido Cade Yeager (Mark Wahlberg), que cria a filha Tessa (Nicola Peltz), no Texas.
 
Não demora para que uma descoberta de Cade chame a atenção das autoridades americanas, lideradas pelo mal intencionado Harold Attinger (Kelsey Grammer). O empresário Joshua Joyce (Stanley Tucci) se diz interessado em criar seus próprios robôs com um metal chamado Transfórmio, criado a partir de Autobots e Decepticons despedaçados. O elenco robótico tem o conhecido Bumblebee, além de Hound (voz de John Goodman) e Drift (dublado por Ken Watanabe, de "Godzilla"). Lockdown é um exteminador de Transformers que deseja destruir Optimus Prime. Outro grupo que surge é o dos Dinobots: são versões cibernéticas dos dinossauros.
 
Um grave problema é o roteiro de Ehren Krueger, que escreveu "Transformers: A Vingança dos Derrotados" e "Transforrners: O Lado Oculto da Lua". O texto não desenvolve os personagens humanos. Basicamente, eles só ficam gritando, enquanto correm para todos os lados no meio do fogo cruzado. Ou falam frases de efeito sem importância. Quando tenta fazer graça, a coisa fica pior. Falta lógica, sobram marcas. A tela parece uma prateleira, com publicidade de roupas, cervejas e, claro, carros. Os logotipos "estouram" na cara do espectador (ainda mais se o filme for visto em 3D), o que pode causar certo desconforto.
 
A bilheteria vai bem…
 
No meio da pirotecnia exagerada de Bay, o elenco humano tem pouco a fazer. Mark Wahlberg, que já trabalhou com o diretor em "Sem Dor, Sem Ganho", entrou no lugar de Shia LaBeouf para ser o novo aliado dos Autobots e até se sai bem nas cenas de ação. Mas quando precisa fazer cenas mais dramáticas ou mesmo cômicas, como impedir que a filha tenha mais intimidade com o namorado, por vê-la ainda como uma criança, mostra uma certa falta de maturidade para o papel. Os jovens Nicola Peltz e Jack Reynor são apenas dois belos bibelôs e ainda têm que comer muito feijão com arroz para atuarem bem. Mas as maiores decepções estão nos vilões. O bom Stanley Tucci, que o público jovem conhece de suas participações em sucessos como "Jogos Vorazes", "Capitão América: O Primeiro Vingador" e "O Diabo Veste Prada", faz uma espécie de Steve Jobs histérico que chega a ser constrangedor com seus chiliques. Já Kelsey Grammer, que foi o Fera em "X-Men: O Confronto Final", falha em se mostrar ameaçador, até porque o texto não ajuda em nada.
 
Nada disso impediu que "A Era da Extinção" se tornasse uma das maiores bilheterias em 2014. Com orçamento estimado em US$ 210 milhões, empatou os custos em três semanas, só com o dinheiro arrecadado nos Estados Unidos. Em todo mundo, a produção já conta com mais de US$ 750 milhões no caixa (segundo dados do Box Office Mojo), para alegria dos envolvidos no processo, entre eles um certo Steven Spielberg, produtor executivo. Logo, em breve, teremos mais uma sequência: o fim do filme deixa tudo ajeitado para uma continuação. Não que fosse preciso. Coerência não parece ser exatamente uma prioridade do projeto.
 
G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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