Novo procurador-geral de Justiça, Deosdete Cruz, questionou ações de gestores públicos que realizem shows milionários em cidades nas quais haja parcela da população passando fome. O tema gerou grande polêmica no ano passado e algumas apresentações foram barradas no estado, visto que o recurso investido nos eventos faria falta para ações oferecidas à comunidade.
Em entrevista concedida na quinta-feira (9), Deosdete afirmou que os gastos com lazer são necessários. Contudo, ponderou que muitos prefeitos deixam de dar atenção para o setor social e realizam grandes festas com dinheiro público.
"Escolher prioridades, essa é a questão. Muitas vezes os municípios organizam belas festas agropecuárias, shows, investem em questões que são importantes no aspecto do lazer, mas deixam de fazer pela área social. E nós queremos é tocar nesse assunto", disse.
"Se tem gente na sua cidade passando fome, será que é lícito pagar milhares de reais em um único show que vai durar uma ou duas horas? Esse é o questionamento", apontou o novo procurador-geral de Justiça.
Questionado se caberiam ações para situações desse tipo, Deosdete afirmou que essa é uma esfera de competência dos promotores de Justiça, que podem adotar medidas diversas à judicialização a exemplo de ofícios e recomendações.
"Eu tenho situações em que eu conversei com colegas nas quais uma notificação ou um ofício resolveu e o prefeito se absteve de fazer os shows. Já tem situações que nem ação resolve. Então, aí tem um dilema, porque o show é feito, o objetivo não é atingido e não tem uma ilegalidade na realização dos shows, é uma questão de decisão política", disse.