O teólogo alemão, que foi durante 23 anos o guardião da doutrina do Vaticano, é o favorito por enquanto, mas os moderados consideram lançar uma candidatura simbólica do cardeal Carlo Maria Martini, ex-arcebispo de Milão, disse a autoridade.
Mas esta é apenas a formação da primeira rodada de votação, que costuma ser uma formalidade para concentrar as forças dos diferentes campos, e não um sinal de quem poderá ser o papa.
Os conclaves de votação podem durar diversos dias e costumam produzir surpresas.
"Ratzinger parece forte, mas ainda está muito longe de ficar claro quem surgirá e como será a votação", disse a autoridade, que pediu anonimato.
O conclave começa na próxima segunda-feira e é necessária maioria de dois terços – 77 dos 115 votos – para uma vitória.
Jornais italianos publicaram reportagens dizendo que entre 40 e 50 cardeais demonstraram apoio para Ratzinger em encontros pré-conclave nesta semana.
A campanha conservadora para declarar João Paulo 2o. santo com rapidez também parece ter favorecido Ratzinger, devido à sua ligação próxima com o ex-pontífice.
"Os simpatizantes de Ratzinger intensificaram os esforços para elegê-lo rapidamente", escreveu o jornal de Roma La Repubblica.
Em medida que será vista como parte da campanha, Ratzinger publicou nesta quarta-feira um novo livro, chamado "Valores em Tempos de Reviravolta", em que argumenta que a Europa deve voltar a aceitar sua herança cristã se quiser evitar o vazio espiritual.
Alemães contra Ratzinger
Apesar de ter sido o assessor mais próximo de João Paulo e ser dignitário do Colégio de Cardeais que elegerá o novo papa, Ratzinger não é um candidato óbvio devido à idade ¿ ele completa 78 anos no sábado ¿ e ao papel polêmico que desempenha.
Ratzinger reprimiu com força os teólogos que saíram de sua doutrina rígida e alienou outras denominações cristãs dizendo que não são igrejas verdadeiras.
Tanto o La Repubblica quanto o Corriere della Sera disseram em reportagens que outros dois poderosos cardeais alemães, Karl Lehmann, de Mainz, e Walter Kasper, com base no Vaticano, estão contra ele. Ambos entraram em conflito em público com Ratzinger no passado.
A autoridade disse que os moderados estão se alinhando temporariamente com a candidatura simbólica de Martini, que foi o favorito do grupo durante anos, até renunciar como arcebispo de Milão, em 2002.
Enquanto Martini, 78 e doente, indicou que não quer o cargo, um desempenho forte na primeira rodada pode indicar a força dos cardeais moderados e ajudar a atrair apoio para um cardeal mais aceito pelo grupo.
Em declarações a um encontro de cardeais na semana passada, Martini exortou os prelados a reformarem a Igreja, em argumento apoiado pelo cardeal hondurenho Oscar Andres Rodriguez Maradiaga, disse o Corriere della Sera.
Os cardeais concordaram na semana passada em não falar com a mídia durante o período pré-conclave, mas jornalistas italianos com relacionamentos no Vaticano têm prioridade em vazamentos de informações.
A mídia italiana também é favorecida porque a maioria dos cardeais fala italiano.
Tudo o que os porta-vozes do Vaticano disseram na terça-feira sobre o encontro do dia foi que os cardeais debateram as finanças da Igreja.