Dados do Painel de Oncologia do Datasus revelam que, nos últimos cinco anos, 2.199 homens foram diagnosticados com câncer de próstata em Mato Grosso. Em meio ao Novembro Azul, campanha que promove a conscientização masculina sobre a saúde, o desafio ainda persiste: a doença continua cercada por tabus e medos, o que muitas vezes afasta o público masculino dos consultórios médicos. De acordo com o Observatório de Oncologia, a mortalidade por câncer de próstata no Brasil tem aumentado na última década, com um pico de 293 óbitos em 2022, um aumento de 36,2% em relação ao ano de menor índice, 2018.
O urologista Aritony Menezes, em entrevista ao Farol Diário, destacou que o diagnóstico precoce é essencial, com uma taxa de cura superior a 90% quando a doença é detectada em seus estágios iniciais. Ele explica que o preconceito com o exame de toque retal, embora em declínio, ainda é um fator significativo. Somado a isso, os receios sobre possíveis sequelas da cirurgia — como a impotência e a incontinência urinária — também afastam muitos homens do tratamento necessário.
Mesmo com o avanço das cirurgias robóticas, que minimizam essas sequelas, o urologista lembra que o procedimento ainda não é acessível pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o que limita o alcance dos benefícios. “Dos pacientes operados no Hospital do Câncer, cerca de 60% enfrentam impotência, e 20% apresentam incontinência temporária, o que leva muitos a temerem o procedimento,” explicou.
Durante a campanha de Novembro Azul, Menezes enfatiza a importância do exame físico, ressaltando que o PSA, exame de sangue frequentemente utilizado, pode não detectar o câncer em muitos casos. “Quase metade dos homens que examinamos no Hospital do Câncer apresenta PSA normal, o que poderia ocultar o diagnóstico sem o exame de toque”, disse. Para o especialista, superar o estigma do exame e buscar acompanhamento médico são passos fundamentais para reduzir os índices de mortalidade e melhorar a qualidade de vida masculina.
