A libertação de Lumar Costa da Silva, de 30 anos, autor de um dos crimes mais chocantes registrados em Mato Grosso, reacendeu o pavor e a dor na família da vítima. Seis anos após assassinar brutalmente a própria tia e entregar seu coração dentro de uma sacola plástica à filha da vítima, Lumar teve a saída autorizada do Hospital Psiquiátrico Adauto Botelho, em decisão que deixou familiares em estado de choque.
A filha da vítima, Patrícia Cosmo, revive agora o que descreve como o “período mais aterrorizante” de sua vida. “Estou com muito medo, com temor. Não consigo dormir, meus filhos estão apavorados. É como se a nossa paz tivesse sido arrancada outra vez”, declarou em entrevista à rádio Capital FM nesta segunda-feira (23). Segundo ela, o sentimento é de abandono por parte da Justiça.
A decisão do juiz Geraldo Fernandes Fidelis Neto permite que Lumar seja transferido para Campinápolis, no interior de São Paulo, onde viverá sob a supervisão do pai e seguirá tratamento ambulatorial. O parecer médico utilizado pela Justiça afirma que o réu está clinicamente estável e sem sintomas psicóticos no momento. Contudo, o próprio laudo admite que o transtorno de Lumar é crônico, incurável e sujeito a recaídas.
O caso ocorreu em 2 de julho de 2019, em Sorriso (MT). Após ser acolhido pela tia, Maria Zélia da Silva Cosmo, e posteriormente expulso por uso de drogas, Lumar a matou a facadas, arrancou seu coração e o entregou à prima. Em seguida, tentou sequestrar a filha dela, de apenas sete anos, e ainda colidiu propositalmente com uma subestação elétrica, numa tentativa de provocar um incêndio.
Em um país onde vítimas frequentemente são esquecidas e a reincidência criminal é subestimada, a decisão da Justiça gerou revolta e apreensão.