Nessas eleições mudaram a Lei, mudaram as regras, tudo com intuito de acabar com o caixa 2 e a compra de votos. A lei reduz o prazo oficial de campanha, de 90 para 45 dias, e o período para propaganda no rádio e na TV. Além disso, estabelece um limite para captação de financiamento e proíbe o financiamento privado de campanha. A lei também limita o uso de material publicitário. Só serão permitidos adesivos comuns de até 50 cm x 40 cm ou microperfurados no tamanho máximo do para-brisa traseiro. “Envelopamentos” do carro estão proibidos. Veículos com jingles no dia das eleições também foram proibidos.
Mas o brasileiro, sempre ele, dá jeito em tudo.
Não sei quanto ao caixa 2 porque não estou trabalhando, mas a compra de votos continua à solta. E a todo vapor. E o que é mais impressionante: totalmente legalizada. Agora a compra de voto vem através das plaquinhas. Uma plaquinha no mercado está valendo R$ 400. Sim, isso mesmo. Quase metade de um salário mínimo. Uma plaquinha na porta de casa vale R$ 400. Que em época de crise, convenhamos, quatrocentão ajuda qualquer um.
Como diz nosso presidente golpista, temos de ser otimistas.
Digamos que você tem moral na rua, o líder de bairro sempre bate papo com você, o vereador que nunca te viu cita seu nome no microfone, mesmo que, às vezes, nem esteja olhando para você. Você vai ganhar R$ 500. Melhora ainda mais. É só pregar uma plaquinha no muro de casa e pronto. Quinhentão! Você ficou feliz, fez churrasco, pagou uma conta atrasada, comprou uma bermuda para as crianças. Seu voto já está cumprido. Como você é sujeito honesto, de palavra, você, sua mulher e talvez a sua mãe vão votar neste candidato. Todo mundo com o sentimento de ter feito um bom negócio.
Ledo engano caro leitor.
Se você, que tem moral, pegar os R$ 500 e dividir por 48 meses, o tempo que seu candidato vai estar lá sem precisar fazer nada por você – afinal já comprou seu voto – você estará ganhando, na realidade, R$ 10,41 por mês. Ou seja, você vendeu seu voto por 0,35 centavos por dia. Mas como fez sua mulher votar, na real, o voto de cada um, sai em média, 17 centavos por dia. E que preço alto você paga para receber 17 centavos por dia: fica 4 anos sem saúde, sem educação, sem emprego, sem saneamento básico, sem moral, sem cidadania. Aliás, 4 anos não. Pelo jeito você, assim como eu, você tá correndo atrás do rabo a vida inteira.