Não, não vivemos num tempo/espaço para amadores. Só profissional de ponta para levar a vida sem deixá-la desandar.
É uma voz tamanha que te faz escrever. Em momentos cada vez mais frequentes é tanta informação para ser compilada, analisada, classificada, digerida e transmitidas que quase dá pane no HD interno. Porque nos externos, pilhas de informações estão armazenadas. Ponha-se no meu lugar. Imagina ter que lidar com tudo isso semanalmente, impreterivelmente, inapelavelmente.
Difícil! Já não é possível escolher um assunto e discorrer sobre ele. A agilidade exige que tudo se reduza. Para caber mais. Só que, ainda assim, o espaço é insuficiente. A opção é selecionar o que entra e descartar o restante. Mas… e se justamente aquela for a informação essencial para o entendimento de assuntos que se tornarão relevantes mais tarde?
Amigos, falo de um sistema sofisticado. De um artefato infinitamente superior aos projetados pela mais delirante imaginação. Entupido. Saturado. Fora de sincronia, desajustado. A prova cabal de que toda tecnologia e sofisticação não são capazes de acompanhar as mazelas do ser humano. De que adianta tantos recursos se tudo passará por alguém exposto a essa realidade que supera e pisoteia a mais ousada ficção?
Situação: Pluct, Plact foi contaminado pelo vírus da estupefação diante da avalanche incontrolável de idas, vindas, voltas, meia voltas, retrocessos, avanços e trapaças. É o que mais vem testemunhando em sua tentativa de ser o relator histórico das atividades do entorno de sua melhor amiga, a cronista. Aquela que, já faz bom tempo, deu as costas para sua amada Ponta do Leme, cruzou o túnel e, voluntariamente, pediu asilo na casa de loucos perto do mar. Como ela permanece lá? É bem fácil entender, considerando que não esconde de ninguém que sabe tudo e de todos, apesar do isolamento, por receber visitas regulares de um extraterrestre que, pela fresta da janela, a luz de um raio de luar, sussurra ao seu ouvido as notícias (interpretadas por ele – o que requer certa filtragem) do mundo exterior.
Algumas vezes ele já ficou pescando assunto, procurando o que contar para fazer a alegria da amiga nos encontros. Ultimamente, com tanta “porrada e bomba”, não dá tempo para nada. Aí, perde a graça…
Talvez a solução seja inverter! “Amiga diz aí. Aconteceu de tudo. Inclusive o que não dá para imaginar. Do que você quer que eu fale?” E ela dá o tema. Sem dúvida vai se assombrar com qualquer escolha que faça. Estamos que nem banca de feira. Cheia de mercadoria fresquinha…
Tem vai-e-vem de investigado em direção ao resort Bangu. Tem o que entrou e não sai mais. Dessa você já sabia? Mas não que ele soube com antecedência que estava pela bola 7. Com direito a gravação e tudo! Inclusive de um parceiro pego saindo de casa com um troco. Diz que em busca de uma parrilla uruguaia. Também tem o que deu uma de Pluct, Plact. Entrou, quicou, voltou e não pode sair do lugar.
Em Brasília? The Flash perde para a agilidade e o empenho dos parlamentares em tirar da reta as medidas anti-corrupção. Tudo à espera dos nomes citados na mega delação premiada (como esse nome é adequado…) da Odebrecht. Muita gente sabe que pode estar comendo seu último brioche e, tal qual Maria Antonieta, está mais próximo do cadafalso do que jamais supôs. Também tem o que pediu pra sair por não suportar a pressão imobiliária. Pelo sim, pelo não, na despedida, fez um roque e deu um xeque que, em mais algumas rodadas, pode ser mate e contribuir para o encerramento de mais uma partida do torneio de xadrez. E aí voltamos para o início. Será o omitido, o princípio do essencial?
Pra encerrar responde aí: sabedor do seu destino, qual o menu para a refeição da véspera de sua prisão, considerando o seleto cardápio que comporá sua dieta balanceada por período indeterminado?