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No Maranhão, professores se dedicam a melhorar a vida de comunidades quilombolas

 
Aos 43 anos e morador da comunidade quilombola de Bom Jesus, uma das 13 da região, Queiroz fundou e dirigiu o centro, onde os jovens fazem o ensino médio. Hoje, dá aulas no ensino fundamental em Bom Jesus. E conta como a instalação das escolas mudou a realidade da comunidade, em que muitas famílias deixavam a terra natal em busca de educação e oportunidades nas cidades vizinhas.
 
Queiroz nasceu e cresceu na comunidade Santa Maria do Moreira, atual Bom Jesus. Na época, não havia escola, os primeiros ensinamentos vieram da mãe. Para cursar o ensino fundamental, foi para Codó. Com o sexto ano completo, voltou para a comunidade e começou a dar aula do 1º ao 5º ano. Depois, fez o ensino médio e completou o magistério. Estudou matemática no Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão, disciplina que leciona.
 
“A juventude que está na escola consegue ter uma visão de um mundo melhor do que seus pais e avós. Consegue acessar a tecnologia, compreender a preservação do meio ambiente, absorver conhecimento. Aprende que o homem do campo pode lutar para garantir os seus direitos, que estão inclusive na Constituição”, defende o professor.
 
Com o Centro de Ensino Ana Moreira, os estudantes têm formação técnica sobre agropecuária. O ensino por alternância significa que os alunos passam 15 dias em sala de aula e 15 dias na comunidade. A ideia é que levem o que aprendem na escola para as comunidades.
 
Diferentemente de Queiroz, o professor Solon da Nóbrega não nasceu em uma comunidade quilombola, mas desde 1997 se dedica a esse trabalho. Ele é responsável pela formação técnica no Centro de Alternância Ana Moreira. Este ano, desenvolveu o projeto Coisa de Preto, levando a dança, a religiosidade e a cultura afrodescendente para a sala de aula. O projeto será permanente e o objetivo é aumentar a autoestima dos alunos e resgatar a cultura que está se perdendo.
 
“A gente não trabalha para que como técnico o aluno saia daqui e vá trabalhar na grande fazenda, embora isso aconteça. A intenção é voltar para a comunidade e o que eles [alunos] aprendem aqui, eles possam usar lá para dar uma vida melhor às família deles”, diz o professor de zootecnia rural, biocultura de leite e corte, economia rural e extensão rural e também um dos fundadores da escola.
 
Os professores dizem não ser fácil a tarefa de lecionar em uma comunidade quilombola, e que os problemas ainda são muitos. Na escola infantil Centro do Expedito, os banheiros estão fechados por falta de água. A comunidade terá que cavar um poço próximo à escola. Para cozinhar na cantina, é preciso levar baldes com água até o monte, onde fica o centro de ensino. Todo trajeto é feito a pé. A escola de Santo Antônio dos Pretos recebeu computadores, mas os equipamentos não saíram da caixa porque falta rede de energia suficiente para ligar os aparelhos. “Não dá para conseguir tudo de uma vez”, comenta Nóbrega.
 
Agência Brasil
 

Redação

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