O Dia Mundial do Meio Ambiente (5/6) não terminou ainda, mas já está cheio de supressas. Após a troca de farpas entre o Prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (PMDB), e o governador, Pedro Taques (PSDB), durante um plantio de mudas, agora foi a vez da Assembleia Legislativa de Mato Grosso mostrar a sua "face verde".
Na sessão desta terça, o deputado Gilmar Fabris (PSD) já fez uma indicação reivindicado uma atuação em conjunta da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) para viabilizar pesquisas a respeito da suspeita de superpopulação de jacaré no pantanal mato-grossense.
Os argumentos sobre a superpopulação são comuns na região, principalmente entre os que defendem a liberação da caça deste animal. Alguns chegam a afirmar que há mais de 30 milhões de jacarés, se alimentando de 9 toneladas de peixes, apenas no Pantanal do Mato Grosso.
Apesar de o Pantanal ser a maior morada mundial dos crocodilianos, para os pesquisadores como Zilca de Campos, bióloga e pesquisadora da Embrapa Pantanal, que estuda há mais de 30 anos os jacarés e integra o grupo de especialistas em crocodilianos da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), a conclusão é muito clara: não há superpopulação.
“As populações estão relativamente estáveis desde 1990, quando começamos a monitorar a recuperação dos jacarés após a proibição da caça, em 1967. Todo ano, passamos meses sobrevoando os rios do Pantanal para atualizarmos essa contagem. A conclusão atual é que existem, em média, três milhões de jacarés na região”, explica Zilca. Um número dez vezes menor do que o alardeado pelos defensores da caça.
A discussão sobre a superpopulação de jacarés atormente as instituições de pesquisa há anos. E agora ganha coro, com a indicação do Deputado Fabris. Resta saber se desta vez haverá Quórum, ou seja, os deputados estaduais se dignarão a ir trabalhar para votar a indicação. Há mais de quatro sessões, importantes pautas da Casa Legislativa Estadual, como as contas do Governo, deixaram de ser apreciadas porque os parlamentares se recusam a honrar os R$ 21 mil reais de salário e R$ 65 mil reais de verba indenizatória que recebem mensalmente para exercerem sua função.