SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Nissan confirmou nesta quarta (24) que vai interromper a produção em Resende por duas semanas devido ao agravamento da pandemia de Covid-19. Os 850 funcionários da unidade entrarão em férias coletivas na sexta (26), e a retomada está prevista para o dia 6 de abril.
Em nota, a montadora diz que busca a segurança de seus funcionários como parte do esforço de reduzir o impacto da pandemia, além de se adaptar ao cenário atual do setor automotivo para garantir a continuidade do negócio. A segunda frase é uma referência à falta de componentes nas linhas de montagem, problema comum às outras quatro fabricantes que anunciaram paradas na produção.
General Motors, Volkswagen, Mercedes e Scania já haviam anunciado as interrupções nas linhas de montagem.
A Toyota ainda não definiu se vai interromper as atividades, mas promove reuniões diárias sobre o tema. A empresa japonesa tem quatro fábricas no Brasil, instaladas nas cidades paulistas de São Bernardo do Campo, Indaiatuba, Porto Feliz e Sorocaba.
Rafael Chang, presidente da Toyota no Brasil, diz que a fabricante não foi tão afetada pela falta de peças, mas que, embora a empresa tenha adotado protocolos muito rigorosos para evitar o contágio, "não há como fugir da realidade".
Os efeitos da pandemia descontrolada já se refletem nas vendas tanto pelas paradas na produção como por lojas fechadas.
Números do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores), mostram queda de 14,1% nos emplacamentos na comparação entre a primeira quinzena de março com o mesmo período de 2020. Os dados incluem veículos leves e pesados.
Essa é a última comparação entre o momento atual e um período anterior à pandemia, que foi decretada pela OMS (Organização Mundial de Saúde) no dia 11 de março do ano passado.
A Anfavea (associação das montadoras) acompanha os números, mas não vai revisar as previsões para 2021 por enquanto. A entidade havia projetado altas de 25% na produção e de 15% nas vendas em relação a 2020.
Os cálculos eram até conservadores diante do resultado registrado no ano passado, quando a comercialização de veículos leves e pesados caiu 26,2% em comparação a 2019.
A retomada acelerada no segundo semestre e a expectativa pela vacinação em massa fizeram o setor automotivo renovar o ânimo e vivenciar uma recuperação em "V", mas o humor mudou com o agravamento da pandemia, as idas e vindas da campanha de imunização e a falta generalizada de componentes.
Todos os calendários de interrupção nas linhas de montagem começam a se alinhar a partir da próxima semana.
A Mercedes-Benz irá paralisar a produção em suas duas fábricas -São Bernardo do Campo (ABC) e Juiz de Fora (MG)- entre os dias 26 de março e 5 de abril. Em seguida, a montadora vai conceder férias coletivas a grupos alternados de funcionários do setor de produção, para aumentar o distanciamento.
A Scania vai interromper as atividades pelo mesmo período em sua fábrica de caminhões. "A decisão foi tomada em virtude de uma combinação de fatores, entre eles o apoio às autoridades para diminuir o número de pessoas circulando durante o período de antecipação dos feriados na região do Grande ABC e as dificuldades na estabilidade da cadeia de suprimentos", informou em nota a montadora instalada em São Bernardo.
A Volkswagen confirmou a interrupção das operações fabris de quarta (24) ao dia 5 de abril, totalizando 12 dias. A empresa produz veículos e componentes nas cidades paulistas de São Bernardo do Campo, Taubaté e São Carlos, além de uma planta em São José dos Pinhais (PR).
A General Motors paralisou as atividades entre os dias 1° e 20 de março na unidade de Gravataí (RS), mas chegou a retomar parte das operações de montagem do Chevrolet Onix nesta semana. Contudo irá parar novamente entre abril e julho.
A GM anunciou ainda um plano para suspensão temporária de 600 contratos de trabalho na fábrica de São José dos Campos (interior de São Paulo), onde produz a picape S10 e o esportivo utilitário Trailblazer.
Em Curitiba, a Volvo trabalha hoje com redução de 70% da capacidade, devido à falta de componentes.