A Nintendo "está dando um passo atrás no Brasil para repensar o seu modelo de negócios" no país. É o que diz o executivo Bill van Zyll, diretor geral da Nintendo para a América Latina, em entrevista ao G1, sobre o fim da venda oficial dos produtos da empresa por aqui. "Nós vemos isso como algo temporário. Não estamos desistindo do Brasil", afirma.
Nesta sexta (9), a Big N anunciou que os consoles Wii U e 3DS e games como "Super Smash Bros.", "Mario Kart 8" e "The Legend of Zelda" não serão mais importados pela Gaming do Brasil, responsável pelas distribuição oficial da Nintendo no país.
Isso significa que a venda dos produtos da empresa no Brasil continuará somente enquanto houver itens nos estoques da distribuidora e das lojas de varejo. A Nintendo atribui sua decisão às altas taxas de importação.
"O Brasil é um mercado único por causa do seu tamanho e potencial. E isso cria desafios únicos. O que eu posso dizer é que olhamos continuamente para o modelo de importação. E nos vimos forçados a repensar esse modelo. Determinamos que ele simplesmente não é sustentável", afirma van Zyll. "Por causa desses custos, não somos capazes de levar nossos produtos aos consumidores brasileiros a um preço e a um custo que faça sentido".
Segundo van Zyll, ainda não há uma solução para suprir o fim do acordo com a Gaming do Brasil – "continuamos trabalhando para pensar em um modelo diferente para o mercado brasileiro" – e trazer ao país grandes lançamentos previstos para 2015, como "The Legend of Zelda: Majora's Mask 3D" e os novos "Star Fox" e "Zelda", para Wii U.
As versões digitais do game, vendidas pela loja virtual eShop, são uma alternativa à importação particular ou ao mercado paralelo… no caso do portátil 3DS. Perguntado sobre um possível fortalecimento da presença digital da Nintendo no Brasil, que teria forma principalmente com a chegada de eShop ao Wii U, van Zyll diz apenas que a empresa "continua estudando soluções".
"Essa é uma questão muito justa. Nós enfrentamos desafios inéditos no Brasil e isso de fato complicou a vida de vários consumidores brasileiros. Continuamos tentando achar soluções para os fãs conseguirem acessar o eShop. E não temos uma resposta fácil e rápida para o mercado brasileiro".
Made in Brazil
Nos últimos anos, Microsoft e Sony viram na fabricação nacional dos seus aparelhos uma alternativa às taxas de importação brasileiras. O modelo de 250 GB do Xbox 360, que em 2011 custava R$ 1,6 mil na versão importada, passou a ser vendido por R$ 1,1 mil. O próprio Xbox One, videogame de nova geração, é vendido no país desde o seu lançamento em novembro de 2013 em modelo nacional.
Porém, segundo van Zyll, esta não é a solução certa para a Nintendo. "Como você pode imaginar, estabelecer um processo local de fabricação é complexo e caro. Não é simples. É algo que pensamos e avaliamos e, no final, por conta de uma série de fatores, analisamos que o custo benefício da produção local não é a solução certa".
Por outro lado, o executivo sugere que foi essa mesma fabricação nacional da concorrência uma das responsáveis pelo descompasso da Nintendo no Brasil. "Em um momento, a norma era importar. Todos estavam importando. E os preços eram altos. Mas isso mudou. A nova realidade é que algumas companhias estão fabricando localmente e os preços abaixaram. E nessa nova realidade, nós continuamos importando e não conseguimos os preços certos".
Mas van Zyll segue otimista. Ele agradece o apoio dos fãs – "essa paixão é realmente especial e minha mensagem é de gratidão pelos últimos anos" – e diz que "o objetivo é voltar a vender oficialmente" no Brasil. "Temos um longo relacionamento com os 'Nintendistas'. Somos uma empresa paciente. Precisamos apenas das circunstâncias certas".
Fonte: G1