Neymar pai desabafou contra a “polêmica criada” pela empresa DIS, antiga detentora de 40% dos direitos econômicos do atleta, e atacou: “se dedica há mais de dois anos em prejudicar a imagem de seu filho, família e empresa” . Ele ainda apresentou sua versão sobre o adiantamento de 40 milhões de euros (cerca de R$ 136,7 milhões pela cotação atual) recebidos do Barcelona em 2011.
“Aproveito para esclarecer ainda, sobre a polêmica criada pela DIS Esportes (“DIS”), que se dedica há mais dois anos em prejudicar a imagem do meu filho e atleta agenciado, da minha família e das minhas empresas, com falsas e midiáticas acusações de crime e com exposição indevida e negativa das nossas respectivas imagens. Neste ponto, aliás, não hesitarei e, sem dúvida, oportunamente dedicarei parte do meu tempo a, em foro e procedimentos apropriados, combater e buscar reparações contra as injustas acusações motivadas pela pura e simples ganância dessa citada empresa”, desabafou.
O pai do atleta cita que a DIS “se cercou de todas as cautelas” no contrato firmado ainda em 2009 para compra dos 40% que detinha, quando tinha 17 anos, para evitar a perda do investimento inicial de R$ 5 milhões, afirmando não haver o risco citado pela parte.
Em entrevista coletiva realizada nesta quarta-feira, em Madri, o advogado e presidente da DIS, Roberto Moreno, afirmou sentir-se "traído" pelo Barcelona, Santos e pelo jogador, que de acordo com a empresa "descumpriu seu compromisso" e lesou seus direitos.
Segundo a DIS, na transferência do jogador do Santos para o Barcelona, em 2013, as partes ocultaram pagamentos para reduzir a quantia que a empresa teria direito a receber, motivo pelo qual denunciou ambos os clubes, assim como seus presidentes e vices na data da operação.
Na nota, o pai do atleta voltou a explicar os detalhes do acordo e a divulgar o documento assinado pelo ex-presidente Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro, dando a anuência para que negociasse com outros clubes no período sem que fosse caracterizado um aliciamento.
“Desta forma, ciente de todas as consequências legais e sob orientação jurídica, o Santos F.C. outorgou ao meu filho o direito de negociar o seu futuro, podendo desde então firmar quaisquer contratos com outras agremiações, no Brasil ou no exterior, desde que fosse respeitado o contrato vigente naquela ocasião”, lembrou.
“Para acabar por completo com a polêmica e dúvida que cercam os tão alardeados EUR 40.000.000,00, esclareço definitivamente os pontos do contrato que firmei em 2011 com o F.C. Barcelona, que em sua parte principal versa de forma clara e evidente que não transacionei “direitos econômicos” ou tampouco “direitos federativos”. Negociei, na verdade, um “direito futuro”, o direito de “free agent” (todo atleta após seu vínculo de trabalho e sem contrato se torna “free agent” ou “agente livre”, conforme práticas nacionais e internacionais) do meu filho e atleta agenciado de escolher o seu novo clube conforme livre escolha”, completou.
O próprio Santos confirmou no fim de maio ter iniciado uma briga na Fifa para tentar receber mais valores sobre o investimento feito pelo Barcelona, da Espanha, para a contratação de Neymar, em maio de 2013. Na ocasião, o presidente do clube, Modesto Roma Júnior, informou que o processo envolverá o clube espanhol, Neymar, o pai do jogador e a empresa deles, envolvida na transação, mas pediu para que separem a relação do jogador com o clube alegando que a demanda não é contra o ídolo santista, maior artilheiro do clube após a era Pelé.
A última diretoria santista, responsável por fechar a transação, garantiu que ter recebido apenas 17,1 milhões de euros (R$ 54 milhões à época). Do montante, só teve direito a 55%, ou 9,4 milhões de euros (R$ 29,7 milhões), já que o Grupo DIS recebeu 40% da transação, enquanto a Teisa, grupo formado por conselheiros influentes, 5%. O clube ainda acertou por 8 milhões de euros (R$ 24 milhões) a preferência aos catalães na compra três promessas das categorias de base, além dos amistosos acordados, um deles que ainda não aconteceu.
A justiça abriu ação contra o então presidente do Barcelona, Sandro Rosell. O jornal espanhol El Mundo divulgou que o valor total chegaria a 95 milhões de euros (cerca de R$ 314,8 milhões). O atual presidente catalão, Josep Maria Bartomeu, também foi indiciado. Ambos também recorrem contra pedidos de prisão.
Os catalães, por sua vez, afirmaram não haver fraude elevando o custo da negociação para 86,2 milhões de euros (cerca de R$ 285,6 milhões), sendo quase metade às empresas do pai do atleta.
“Realmente recebi, porque devido, do F.C. Barcelona a indenização por descumprimento do contrato. Tenho certeza que se fosse do outro lado, com o meu descumprimento, o F.C. Barcelona me cobraria também, como já externado. Se o meu filho tivesse sido transferido para outro clube a NN Consultoria, que tem como sócios tão somente eu e Nadine, teria então, sozinha, um passivo de EUR 40.000.000,00. Santos F.C., a DIS e a Teisa não seriam corresponsáveis ou solidários em tal pagamento porque não eram parte do nosso contrato com o F.C. Barcelona”, afirmou.
Neymar pai cita que ele e seu filho sempre agiram de “boa-fé e com total transparência perante ao Fisco Federal”. Ele ainda diz que está “seguro que no fim a verdade prevalecerá, lastreada nos fatos como eles são, na minha consciência e, finalmente, em decisões proferidas por um judiciário justo e ponderado”.
Fonte: Terra