Política

“Nasci pronta para governar”, diz Janete Riva em entrevista ao Circuito

Fotos: Ednilson Aguiar

O Circuito Mato Grosso finaliza a série de entrevistas com os candidatos ao Governo do Estado, com a representante do PSD, Janete Riva. Ela, que também foi a última a entrar na disputa, visto que o candidato da sigla era o deputado estadual e seu esposo José Riva, cujo registro de candidatura foi indeferido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Com uma campanha de menos de 30 dias, a candidata se mostra confiante na chegada ao segundo turno. Nas próximas linhas, ela comenta, entre outros assuntos, o que considera ser um dos erros da gestão Silval Barbosa (PMDB), sobre os processos que envolvem ela e o marido, além das críticas feitas em relação a seu principal projeto de Governo, o Bolsa Família Estadual, classificado pelos adversários como ‘assistencialismo barato’. Confira a íntegra:

Circuito Mato Grosso: A senhora já havia pensado, em algum momento, em ser governadora de Mato Grosso?
Janete Riva:
Não, em momento algum. Até quando foi negado o registro da candidatura do Riva e perguntavam se existia um plano ‘B’, em nenhum momento nós pensamos nisso. Nós tínhamos a certeza do registro, então para nós foi surpresa aquela negativa. Fizemos uma reunião no dia seguinte, os presidentes de partido, deputados estaduais e federais que optaram para que eu fosse a substituta. Não tivemos nem tempo para uma avaliação rápida, no mesmo momento eles colocaram uma indicação e, pelo grupo político, precisávamos tomar uma decisão naquele momento. A campanha não podia parar e esperar. É um desafio muito grande, como boa escorpiana que sou e com um grupo se comprometendo a pegar pesado na campanha, optamos por dar seguimento a essa candidatura e estou muito tranquila para ser a primeira governadora do Estado de Mato Grosso, porque a militância está com muita garra. 

CMT: Uma pergunta até inevitável é sobre a questão de ter uma campanha muito curta, pouco mais de 20 dias. Como tem sido isso?
JR:
Foi feito um chamamento dos nossos coordenadores, que já estavam em campo, os nossos deputados federais e estaduais, nossos vereadores, prefeitos e colocamos um chamamento para cada um deles. Estamos polvilhando o Estado com muitas reuniões, através de uma aproximação maior com o eleitor, o que está dando tranquilidade para que possamos ir aos polos, arrumar tempo para ir aos debates, entrevistas, e assim tem sido feito. 

CMT: Sobre a decisão do TSE, que barrou a candidatura do Riva, bem como os processos pelos quais ele reponde, isso pode interferir negativamente em sua candidatura?
JR:
Não, até porque, quando a pessoa ouve a proposta, conhece bem quem é a Janete, ela pode fazer uma opção segura, tranquila. Até porque o perfil da família Riva sempre foi característica maior: cumprir seus compromissos.

CMT: Sobre o episódio da prisão da senhora na Operação Jurupari, existe algum temor de que isso seja prejudicial à candidatura?
JR:
Não. Aliás, este é um momento a mais que temos para explicar que foi uma prisão de uma forma organizada para ser palanque político. Já se passaram quatro anos e nenhuma providência foi tomada, no depoimento que eu prestei foram cinco perguntas e o delegado me interrompeu três dizendo, dizendo que a Polícia Federal não tinha encontrado nada que levasse à minha prisão. Isso nos deixa tranquilos. Sempre fomos à rua, olho no olho do eleitor, das pessoas, para dizer que nós fomos vítimas de uma prisão injusta, perseguidora de determinado grupo político e usado simplesmente como palanque eleitoral. 

CMT: É possível citar o nome de determinada pessoa ou grupo que esteja por ‘trás’ dessa prisão?
JR:
Eles sabem quem são. 

CMT: A senhora acredita numa transferência de votos do deputado José Riva para sua candidatura?
JR:
Nossa militância sempre foi muito coesa, então é automática essa transferência de votos. Porque a militância, quando está comovida, ela vai com mais força à luta. É com essa militância que estamos contando hoje. No lançamento da minha candidatura eu disse que precisava apenas de duas semanas para encostar nos nossos adversários, com uma semana me surpreende o resultado maravilhoso das pesquisas. Então, o que eu preciso é de mais uma semana de campanha e aí estamos no segundo turno. 

CMT: Em um mesmo dia, foi divulgada uma pesquisa em que a senhora aparece com 9% das intenções de votos, em outra obteve 17%. Qual sua avaliação sobre esses números?
JR:
As pesquisas internas que nós temos e que nós trabalhamos nos levam a crer que essa segunda esteja correta e que eu esteja com média de 17% a 18%. Em Várzea Grande, por exemplo, estou à frente de todos os demais candidatos. Isso só nos fortalece, nos enche ainda mais de coragem e dá sangue novo à militância. 

CMT: O fato de ser mulher é um diferencial e pode agregar votos?
JR
: Acredito que tudo é um plano conjunto, a determinação da mulher está muito em alta, tanto que temos duas mulheres disputando a Presidência da República, tudo é fator social muito bom. Acredito que é o momento da mulher, isso acaba agregando sim valor. As mulheres estão se sentindo representadas efetivamente com Janete governadora do Estado. 

CMT: Falando um pouco sobre as propostas. A senhora diz que vai implantar o Bolsa Família Estadual, dando mais R$ 70 àquelas famílias que já são atendidas pelo programa do governo nacional. Alguns adversários alegam que isso é apelar para o assistencialismo e outros dizem ainda que seria uma compra de votos ‘escancarada’. Como a senhora avalia essas declarações?
JR:
Quem não tem sentimento e sensibilidade está realmente dizendo que isso é uma forma de assistencialismo. Só que são pessoas que muito receberam do Estado e pouco contribuíram, talvez seja por isso essa implicância com este programa. É um projeto que devolve a dignidade para o cidadão. A família que recebe hoje R$ 70, ela precisa optar se vai comer, se vai se vestir ou comprar uma medicação. Dobrando o valor da Bolsa Família, a família terá possibilidades de um alimento melhor. Os beneficiados, em contrapartida, precisarão participar de projetos de capacitação para conseguirem montar seu próprio negócio. O MT Fomento estará de portas abertas para fazer com que eles se tornem microempreendedores e assim nós queremos que nossos cidadãos consigam caminhar com suas próprias pernas.

CMT: Os recursos para esse projetos sairão de onde? Já existe uma avaliação do impacto e do custo deste programa ao Estado?
JR:
Minha equipe econômica trabalha com muito afinco em cima disso. E aí está a questão que meus adversários estão incomodados. Nós vamos tirar uma pequena parte do incentivo dado a grandes empresas do ramo da soja, não o sojicultor como o adversário está falando. Em Mato Grosso, uma meia dúzia de grandes empresas ligadas ao ramo do soja, somente em 2013, deixou de contribuir com mais de R$ 220 milhões. Então, nós vamos ter daí dinheiro suficiente para bancar o Bolsa Família Estadual e ainda vai sobrar um pouco de grana para os cofres públicos. 

"Faltou pulso

à gestão do

Silval Barbosa"

CMT: Candidata, qual sua avaliação da gestão Silval Barbosa?
JR
: Eu acredito que faltou um pouco de pulso à gestão do governador Silval Barbosa. Por exemplo, a palavra final acabou ficando sempre com o secretário de Fazenda. Nós ficamos reféns de um sistema tributário que muda por decreto em cima de decreto. Instabilidade é a palavra. A instabilidade que nosso empresário tem aqui em Mato Grosso é muito grande, então, esse foi, em minha opinião, o grande erro que o governador Silval teve: dar ‘superpoderes’ ao secretário de Fazenda. Isso causou muitos transtornos ao Estado. 

CMT: Numa eventual vitória, a senhora pretende chamar a si essa reponsabilidade e diminuir esses ‘superpoderes’? 
JR:
Não é diminuir ‘superpoderes’, é fazer com que o secretário de Fazenda cuide do Estado de Mato Grosso. Quem é seu contribuinte maior? São os empresários, eles precisam ser respeitados e não podem ter essa insegurança, de não dar conta de fazer um balanço. Precisamos ter regras mais claras, aqui se governa por decretos, não podemos passar essas instabilidade para nosso empresário. 

CMT: Como a senhora acredita que vão ser esses últimos dias de campanha? Está preparada para ataques que pode receber? 
JR:
Eu espero que meus adversários se atenham a propostas, até porque nós temos visto ultimamente só o plano de ataques. O pouco tempo que eu tenho, no total são apenas 20 dias de campanha, eu quero aproveitar apresentando propostas, usar o máximo da propaganda eleitoral, que são somente 3 minutos. Aí no segundo turno é outra coisa, zera o jogo, tempo igual, vai ser tudo diferente. Agora, eu não vou permitir que continuem ofendendo a mim, a minha família. Todos os ataques serão revidados. A minha propositura é que cada um consiga passar o seu Plano de Governo, se concentre em ações, mas sempre defendo também que quem não tem o que mostrar parte para o ataque. Nós temos trabalho prestado, eu, enquanto presidente da Sala da Mulher da AL, desenvolvi as maiores campanhas de enfrentamento à violência sexual infantil e à pedofilia no Estado, levantei as maiores bandeiras de enfrentamento à violência doméstica. Enquanto secretária de Cultura, também pude desenvolver um grande trabalho. Esse é meu estilo de trabalhar, defendendo as causas, e acredito que isso fará a diferença no Governo do Estado. 

CMT: Muito se fala que numa eventual gestão Janete Riva, na verdade, quem ‘comandaria’ seria o deputado estadual José Riva. O que a senhora diz às pessoas que fazem essas declarações?
JR:
Que eles não conhecem Janete Riva. Tenho as minhas próprias decisões, sempre me pautei por ouvir muito as pessoas, é claro que o Riva estará ao meu lado sim, como esteve ao lado outros governadores deste Estado, porque não existe pessoa que mais conheça este Estado do que o José Riva. Mais quem vai mandar mesmo no meu governo é a população de Mato Grosso. 

CMT: A Janete Riva está preparada para ser governadora de Mato Grosso?
JR:
Nasci pronta. Tenho certeza que de todos os candidatos aí colocados sou a que tem maior experiência administrativa. Nunca fugi de desafios, estou pronta para governar Mato Grosso, temos grandes soluções para nosso Estado. Vamos dar celeridade aos nossos processos administrativos, vai ser muito tranquila a gestão Janete Riva, porque assim eu sou: tranquila, pulso firme de uma mãe e a ternura de uma avó.
 

 

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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