O secretário de Segurança de Mato Grosso, Alexandre Bustamante , afirmou nesta terça-feira (26) que está acompanhando as investigações sobre a policiais militares acusados de planejar emboscadas para executar suspeitos de crimes. Mais de 60 policiais foram presos e soltos dois dias depois. Todos eles já voltaram aos cargos.
Ele afirmou que não vai condenar os policiais, mas que não vai defender ninguém que estiver errado. "Sou uma pessoa que não gosta de condenar ninguém antes, mas também não vou passar a mão na cabeça de ninguém que tem culpa", afirmou o secretário, em entrevista ao jornal Primeira Página, da Centro América FM.
Bustamante disse que a Secretaria de Segurança Pública não participa das investigações, mas acompanha, de longe, o trabalho da Polícia Civil e que só depois das investigações o Ministério Público vai decidir se apresenta denúncia contra os agentes.
"Eu acredito que nós estamos maduros para tomar as medidas necessárias e acho que cada um tem que responder por suas ações. Se houve excesso, a investigação da Polícia Civil vai apontar. Se realmente foi confronto, vai apontar o que houve", disse o secretário.
Testemunha afirma que mortos em ação da PM no Manso estavam no chão e que ação foi planejada
Segundo ele, o Poder Judiciário vai absolver quem não tem culpa, e se tem alguém que tem culpa vai responder pelo que fez, disse na entrevista.
Investigação de militares
Uma investigação revelou que policiais militares de Mato Grosso integrariam um grupo de extermínio responsável por 23 assassinatos. De acordo com o Ministério Publico, os PMs contavam com a ajuda de um informante, que atraía os suspeitos para as emboscadas.
Seis casos estão sendo investigados. O período: outubro de 2017 a outubro de 2020. Os acusados: 62 policiais militares de três grupos de elite de Mato Grosso: a Rotam, o Bope e a Força Tática. Em todos os casos, a Delegacia de Homicídios e o Ministério Público encontraram indícios de um plano de execução muito semelhante.
Nos seis boletins de ocorrência, a mesma dinâmica: os PMs disseram que, depois de uma denúncia anônima, abordaram os criminosos armados, houve confronto e os bandidos acabaram mortos.
Quatro pessoas sobreviveram e outras testemunhas também prestaram depoimento. Foi assim que o plano começou a ser desvendado. Todas contaram que um homem, geralmente num carro vermelho, se apresentava como segurança particular e dizia que procurava comparsas para um suposto assalto.
Os investigadores localizaram o carro e o suposto segurança que, na verdade, era um informante da polícia, e acusado de ser cúmplice nas execuções. Ele confessou tudo à investigação, em detalhes.
Os 62 policiais acusados chegaram a ser presos e agora respondem em liberdade. Eles negam as emboscadas e execuções. Por ter confessado, o informante deve ter a pena reduzida, se for condenado. Mas vai responder pelas mesmas acusações que pesam contra os policiais.