Ao voltar ao Senado após 21 dias afastado, Aécio Neves (PSDB-MG) evitou responder ao apelo do presidente interino do PSDB, Tasso Jereissati (CE), que pede sua renúncia à presidência do partido. "Não trato de questões partidárias pela imprensa", disse.
A frase é uma resposta à declaração proferida mais cedo por Tasso, que afirmou que o mineiro "não tem condições" de permanecer na presidência do PSDB.
Aécio está licenciado do comando da sigla desde maio, quando foi afastado pela primeira vez do mandato pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Desde então, o cargo é exercido interinamente por Tasso.
O comando do PSDB é tema de queda de braço de alas do partido desde o primeiro semestre. Tucanos tinham acordado em deixar para dezembro a escolha definitiva de uma nova executiva nacional.
Contudo, o novo afastamento de Aécio reacendeu o debate.
A bancada do PSDB no Senado se reuniu no início da noite desta quarta-feira (18) para discutir os desdobramentos da volta de Aécio ao mandato.
Um desfecho, porém, deve ficar para a semana que vem, segundo Tasso, e estará nas mãos de Aécio.
"A decisão final sobre qualquer medida que venha a ser tomada para essa definição ficará a critério do senador Aécio Neves", disse.
O mineiro deixou a reunião sem falar com a imprensa. Ele chegou a ligar para alguns senadores para reclamar da fala do presidente interino, afirmando ter se sentido "rifado" por ele.
Apesar de terem dado a palavra final a Aécio, os tucanos que querem sua saída não abriram mão de sua posição. À Folha, muitos disseram esperar um gesto voluntário de Aécio de deixar o cargo.
Avaliam que o partido já se expôs muito na terça, ao votar em peso pela liberação do senador. E que, agora, é hora de ele retribuir o sacrifício da bancada.
A mensagem da bancada de senadores foi repassada ao mineiro nesta quarta, antes mesmo da reunião, pelo senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), um de seus aliados mais próximos.
Aécio é acusado de corrupção passiva e obstrução de Justiça. A denúncia tem como base a delação da JBS. Em março, ele foi gravado pelo empresário e delator Joesley Batista, a quem pediu R$ 2 milhões.
RECEPÇÃO
Apesar da entrada tímida no Senado, o político mineiro circulou pelo plenário cumprimentando aliados. Aécio chegou a subir na mesa diretora para abraçar o senador José Agripino (DEM-RN) e apertar as mãos do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE).
No gabinete, também recebeu demonstrações de apoio. Na tarde de quarta, chegou ao andar que ocupa no Anexo 1 do Senado um buquê de flores acompanhado de uma garrafa de Chandon, embrulhada em papel dourado.
No cartão, lia-se: "Seja Bem vindo Aécio!!! Seus eleitores e admiradores estarão sempre torcendo por seu merecido sucesso e te acompanhando em cada passo desta caminhada".
O presente veio do movimento intitulado Tucanos com Aécio em Ação, que também comemorou a reversão das medidas do STF em sua página no Facebook.