Dizem que a geração Z, cujos membros mais velhos (com 20 a 30 anos) estão no mercado de trabalho atualmente, difere dos trabalhadores que os antecederam. Parece que não têm muita paciência para os trabalhos repetitivos, são avessos a disciplinas rigorosas e pouco dispostos a tolerar a hierarquia empresarial.
Teriam também pouco interesse em ocupar posições de liderança, de se esforçarem para conseguir aumentos de salários ou em formar um patrimônio financeiro.
Não é difícil supor que a maioria dessas tendências nasça da ideia de que estão “trabalhando para o patrão” e não para si.
Mas há alternativa? Sim, existe. O segredo é desde o primeiro emprego conscientizar-se de que está trabalhando para si mesmo, nunca para o patrão.
A maioria absoluta de nós depende de um patrão inicialmente. Quando chega o momento de ganhar o próprio dinheiro ou definir a profissão, aproveitamos as oportunidades que aparecem. Então, quase sempre somos conduzidos pelas circunstâncias. Seremos atendentes de telemarketing, influenciados por colegas que trabalham nesse ramo; industriários, se nosso bairro tem uma indústria que emprega muito; motorista de aplicativo, se a família tem outros nessa profissão; programadores, se calhar de termos um colega que trabalha nesse ramo.
Poucos têm a sorte de nascer em famílias ricas. Só estes conseguem escolher uma profissão. Custear uma faculdade é caro, passar em um concurso público demanda muitas horas de estudo e criar uma empresa exige vultoso capital.
Entretanto, esta defasagem inicial entre os que nascem ricos e os pobres pode ser superada. Vai depender do esforço, da habilidade e da sorte.
Passado o sufoco do começo, da precariedade do salário e da inexperiência, chega a hora de tomar as rédeas do destino e gerir a vida. Convém amparar-se no mote que as empresas escravizam os trabalhadores para justificar a ociosidade? Não seria melhor usar o que a empresa oferece para trabalhar para si? Nesse momento é que se decide a passar a vida servindo o patrão ou a trabalhar para si.
Trabalhar para o patrão é fazer 44 horas por semana, ter fim de semana garantido, receber o salário no fim do mês e aposentar-se no tempo previsto.
Trabalhar para si é produzir, fazer mais que o esperado. Entusiasmar-se. Comemorar cada sucesso. Prosperar. Sonhar o possível, desejar o alcançável.
A sorte tem muita importância. Claro que não é aquela coisa mística de destino ou sina imaginada por muitos. Sorte aqui é a felicidade de acertar o alvo, o que às vezes demanda muitos tiros.
A maioria dos empreendedores, profissionais liberais, altos funcionários públicos e privados que nasceram pobres não acertou o primeiro tiro. Muitos gastaram volumosa munição e foram salvos pela perseverança.
Cabe a cada um escolher: a) Abraçar a ideologia de que o patrão é um sugador que quer tirar o seu sangue e por isso o melhor é trabalhar o menos possível b) Entender que seu destino depende de si e que a empresa em que trabalha pode possibilitar-lhe alcançá-lo; ou, c) Ficar alimentando um sonho grandioso, romântico e inalcançável, enquanto gasta o tempo nas redes sociais.
Estas alternativas estavam presentes nas outras gerações, talvez a diferença seja a forma de lidar com elas.
Renato de Paiva Pereira.