Política

“Não sou homem de mentir”, diz Zaque sobre suposta fraude em ofício

O ex-secretário de Estado de Segurança Pública (Sesp), promotor de Justiça Mauro Zaque, negou as acusações feitas pelo governador Pedro Taques (PSDB), de que teria fraudado protocolo de ofício encaminhado ao Palácio Paiaguás, em 2015, no qual daria detalhes sobre existência de suposta central de escutas telefônicas ilegais na Polícia Militar. O ofício, que segundo Taques nunca chegou em suas mãos, sustenta denúncia encaminhada ao Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot.

“Não sou homem de mentir. Não sou homem de fraudar, não preciso disso. Agora, só se eu fosse louco. Teria que me colocar numa camisa de força se eu fosse fraudar um documento e levar ao conhecimento do procurador-geral da República. Sou promotor de Justiça, eu tenho uma vida e nunca precisei desse tipo de expediente, de fraudar nada”, declarou Zaque, em entrevista à Rádio Capital, na manhã desta segunda-feira (15).

Ao negar que teve conhecimento da suposta arapongagem envolvendo o comando da PM e integrantes do Executivo, Taques afirmou que o documento enviado à Procuradoria Geral da República (PGR) tinha o memso número de protocolo que outro ofício protocolado pela Câmara Municipal de Juara, solicitando a realização de obras naquele município.

No entanto, Zaque disse que se os números são os mesmos, o erro estaria no setor responsável por receber tais documentos, no Palácio Paiaguás.

“Se houve algum problema, alguma confusão, o protocolo do Estado é administrado pelo Estado, quem gerencia esse sistema não sou eu. Não vou nem discutir isso”, disse o promotor, evitando criar mais polêmicas.

Taques sabia

Mauro Zaque disse que independente de documentos protocolados, Taques tinha conhecimento sobre os grampos ilegais. Ele ainda declarou que pode provar o fato, uma vez que tem como testemunha o ex-procurador de Justiça, Fábio Galindo, seu então secretário-adjunto na Sesp.

“Não vou entrar em polêmica. Não vou entrar em bate-boca. Mas nós não podemos priorizar um acessório em detrimento do principal. Protocolei esse documento, não obstante, e independente de protocolar o documento, eu tive diversas conversas com o governador sobre este assunto. O Fábio Galindo também participou destas conversas, ele sabe que tudo isso foi falado com o governador”, ressaltou.

Sem ressentimentos

O promotor também negou qualquer tipo de ressentimento ou rancor em relação ao governador.

“Levei desde 2015 quando eu estava na Secretaria [de Segurança]. Então, não estou fazendo isso por vingança, não nutro nenhum tipo de ressentimento, de rancor, de nada com relação ao governador. Isso é uma amizade de 20 anos, mas eu não posso, em razão disso, me omitir. Isso jamais”, declarou. 

Por fim, o promotor defendeu que as investigações dos grampos ilegais sejam realizadas, para que possam responsabilizar os culpados.

“Os fatos estão colocados e acho que o importante aí é investigar de forma profunda, de forma concreta. Para que possamos chegar a estes responsáveis, a estes autores e responsabilizá-los. Para que isso sirva de exemplo e ninguém se atreva, no futuro, a cometer novamente esse tipo de abuso”, finalizou.

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Valquiria Castil

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