Fernanda sofreu traumatismo craniano após ser atingida pelo comerciante Anderson Lúcio de Oliveira, de 35 anos, na madrugada de 16 de agosto. Anderson está preso desde o dia 19 e vai responder por tentativa de homicídio qualificado, já que a vítima não teve chance de defesa, segundo a polícia. De acordo com o irmão da vítima, Eduardo Cézar, Fernanda e Anderson são conhecidos e se encontraram ocasionalmente na festa realizada por uma casa noturna naquele fim de semana. Ele diz que os dois não tinham uma relação próxima.
Após a agressão, Fernanda foi levada para o Pronto-Socorro de São Roque e depois encaminhada para o Hospital Regional; ela saiu da UTI no dia 23 de agosto e permaneceu internada na enfermagem neurológica até o dia 1º.
Em entrevista ao G1 na segunda-feira (1º), horas antes dela deixar o hospital, o irmão da vítima afirmou que ela acordou algumas vezes e disse para a família que não se lembrava do que tinha acontecido. "Ela acordou, mas não nos disse o que aconteceu naquele dia. Ela não se lembra de nada e também não estamos forçando, já que a recuperação dela é o que importa agora." De acordo com Eduardo, Fernanda continua com fortes dores de cabeça e medicada.
Segundo o advogado, a expectativa da família é que ela se recupere totalmente. Enquanto isso, ele prepara a documentação para solicitar a prisão preventiva do comerciante, que foi flagrado por câmeras de segurança agredindo Fernanda. “A liberdade dele [Anderson] coloca em risco a vida da Fernanda, ele é violento”, complementa.
Depoimentos e investigação
Na terça-feira (2), a delegada Priscila de Oliveira, responsável pela investigação, afirmou que tinha a intenção de ouvir a vítima o quanto antes. “Ficamos sabendo da alta dela pela imprensa e agora nós vamos tentar falar com a Fernanda o mais rápido possível. Vamos fazer contato com o advogado para ver se ela está em condições de depor. Pretendo fechar o inquérito depois disso e do depoimento de outras testemunhas”, explica Priscila.
Mas o advogado da auxiliar de produção afirma que já comunicou à Justiça que ela não está em condições de prestar depoimento, apesar de considerar isso importante para o andamento do caso. “É fundamental que ela diga o que aconteceu, conte o que passou, mas neste momento é impossível, ela não se recorda de nada. O importante, neste momento, é pedir a prisão preventiva”, diz Ademar.
Ao todo, seis testemunhas foram ouvidas desde a semana passada. De acordo com a delegada, as duas pessoas que já haviam sido ouvidas anteriormente retificaram a primeira versão dada à polícia. "Primeiramente, eles disseram que não tinham visto a cotovelada, mas agora confirmaram a agressão". Por eles terem ratificado o depoimento, nenhuma testemunha será enquadrada por falto testemunho.
Ainda segundo a delegada, nenhuma das testemunhas soube dizer o que causou a discussão. "Algumas pessoas ouvidas disseram que a vítima estava falando alto e mexendo com pessoas que passavam pela rua antes da agressão". Em depoimento, Anderson comentou com a delegada que Fernanda estava alterada. "Ele disse que ela [Fernanda] xingou ele e a irmã (que não estava presente). A cotovelada foi para afastar ela, que estaria incomodando Anderson", comentou Priscila.
A polícia abriu um inquérito para apurar os motivos da agressão, mas não divulgou outros detalhes do depoimento do comerciante, apenas confirmou que Anderson tem passagem por contravenção penal por envolvimento com máquinas caça-níqueis. O comerciante também tem registro de um roubo no qual matou o ladrão, mas a Polícia Civil ressaltou que ele não respondeu por homicídio, já que foi considerado legítima defesa.
'Completamente arrependido'
Carlos Alberto Alves, advogado de Anderson, afirmou que seu cliente está abalado e chorando. Ele também está preocupado com a mãe dele e tem perguntado sobre o estado de saúde da Fernanda, comentou Carlos Alberto.
Em nota enviada à redação do G1 no dia 27 de agosto, os advogados de defesa do comerciante informaram que Anderson está "completamente arrependido". "A defesa informa que acompanha atentamente a colheita das provas e que Anderson está completamente arrependido do ato que praticou e que jamais quis atentar contra a vida de Fernanda", diz a nota.
Família do agressor está chocada
Em entrevista ao TEM Notícias no dia 25 de agosto, Amilton de Oliveira, irmão do comerciante, afirmou que a família toda está chocada com o que aconteceu: "Ele chora muito. Pediu para a gente ver com a família dela tudo o que precisar, porque ele não é esse monstro que estão falando que ele é. É um trabalhador."
A cunhada de Anderson, Cristiane da Cunha, esposa de Amilton, acha que, naquele momento, ele não pensou no que estava fazendo. "Ele é uma pessoa calma. Foi um choque para nós e, pelas informações dos advogados, ele também está muito chocado e arrependido do que fez", disse Cristiane.
Discussão e cotovelada
As imagens da agressão, que ocorreu na madrugada do dia 16 de agosto, foram registradas por uma câmera de segurança de uma loja de motocicletas na avenida Antonio Dias Bastos, no centro de São Roque (SP).
O vídeo, que foi solicitado pela própria família da vítima ao dono do comércio, mostra Fernanda discutindo primeiro com uma pessoa vestindo uma blusa branca. Depois, ela fala com Anderson, que está de terno e com uma lata de cerveja na mão. Na sequência, o rapaz desfere uma cotovelada contra ela. Pessoas que estavam no local chamaram o resgate, que chegou pouco tempo depois. Anderson permaneceu no local, impassível.
G1