A Polícia Civil deverá pedir a prisão provisória da mãe da bebê de seis meses morta após ter sido abandonada dentro de casa em Pontes e Lacerda, a 483 km de Cuiabá. Sara Vitória foi encontrada no berço na manhã do último domingo (6), já sem vida, pelo auxiliar administrativo Anderson da Silva, de 24 anos. Primo e vizinho da suspeita, ele arrombou a casa a pedido da própria mãe, que pensou que o ventilador, que estava ligado havia três dias consecutivos, poderia provocar um curto-circuito.
"Não imaginava encontrar ela lá. Achei que não tivesse ninguém em casa naquele momento. Quebrei o cadeado, entrei na casa e vi a cama vazia e arrumada. Depois, fui ao berço e vi a Sara Vitória. Foi um choque, ficamos todos desesperados", contou Silva em entrevista ao G1. A mãe, de 42 anos, é dependente química, segundo a polícia e a família.
"Quando eu entrei na casa pensei que ia estar vazia, porque o marido da minha prima trabalha numa fazenda e já tinha pedido autorização do patrão para buscar ela e a filha em casa e levar pra lá", explicou Silva. "Estamos muito tristes e chocados com tudo isso", disse.
Conforme laudo médico, a menina morreu de inanição. Quando foi encontrada pelo primo ela estava morta já havia pelo menos 24 horas, disse o delegado que conduz o caso, Luiz Felipe Leoni.
Drogas
A mãe de Sara Vitória tem outros sete filhos e um longo histórico de uso de drogas, segundo os familiares. "Isso impediu ela de cuidar direito dos outros filhos. Na verdade, nunca conseguiu cuidar deles, foram outras pessoas que criaram", disse Silva.
"Ela usou drogas durante a gravidez da Sara Vitória, mas tinha parado depois do nascimento", declarou o auxiliar administrativo. A família, disse ele, acompanhava a mãe de perto. "Minha prima era cuidadosa com a criança", afirmou.
Após a bebê ter sido achada sem vida, a polícia foi à procura da mãe e a encontrou numa boca de fumo em Pontes e Lacerda. Ela é usuária de pasta-base de cocaína, segundo a polícia.
Investigação
A suspeita foi detida pela Polícia Civil no próprio domingo, pelo delegado plantonista Cleyton Moura, e prestou depoimento. Entretanto, como não havia flagrante da morte, foi liberada. A Polícia Civil ainda analisa se ela deverá responder por abandono de incapaz (com a qualificadora da morte) ou por assassinato.
Ao ser ouvida pela polícia, a mulher confessou que deixou a criança sozinha em casa, mas disse que uma tia dela a havia informado que a filha estava bem e que por isso não ficou preocupada. "Mas ouvimos testemunhas que disseram que isso não é verdade", disse o delegado Leoni. Ele deverá ouvir também o pai da criança.
Fonte: G1