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‘Não fizemos mal a ninguém’, dizem donos do site Mega Filmes HD

Suspeitos respondem pelos crimes em liberdade após ficarem dez dias presos (Foto: Reprodução/ TV TEM)

 

Os donos do site Mega filmes HD, que disponibilizava pela internet filmes e séries de forma ilegal, disseram em entrevista para o G1 e TV TEM, nesta segunda-feira (30), que não sabiam que o caso era tão grave. "Foi um crime contra a indústria de filmes, mas não fizemos mal a ninguém”, comentou Marcos Cardoso, junto com sua companheira, Thalita Cardoso. O casal deixou a prisão no sábado (28).

Os dois foram presos em 18 de novembro, em Cerquilho (SP), durante ação chamada “Barba Negra”, da Polícia Federal em Sorocaba (SP). A dupla é suspeita de crimes de violação de direito autoral (pirataria) e associação criminosa. "Eu não sabia que era crime. Cada país tem suas leis sobre isso. E para mim, aqui no Brasil, isso não era crime. Tanto é que eu nunca tinha visto ninguém ser preso por isso."

O casal que gerenciava o site teve a prisão temporária de cinco dias renovada em 23 de novembro. Eles foram liberados após ficarem dez dias detidos.
Segundo a Polícia Federal, eles chegaram a lucrar até R$ 70 mil por mês, com as 60 milhões de visualizações mensais. Durante a entrevista no escritório do advogado do casal, Thiago Bellucci, Marcos e Thalita afirmaram que já entregaram à polícia os contatos de uma agência de publicidade que pagava pelos espaços no site. “A agência recebia dos anunciantes e repassava parte desses valores para a gente pelos ‘boxes’ de publicidade”, afirma.

O Mega Filmes HD começou a funcionar em 2011, ano em que Marcos diz que voltou do Japão e montou algo parecido com o que viu por lá. “Eu morei no Japão por 13 anos até 2011 e lá descobri esses sites. Gosto de computadores desde a época da internet discada, e fiz no Brasil a mesma coisa que vi no Japão quando cheguei. Minha intenção não era ser o maior site do tipo no país, cresceu muito rápido”, fala.

Segundo o advogado do casal, não havia organização criminosa. "Como eles estão sendo acusados de organização criminosa, também estão vendo se há outros participantes que, de algum modo, se vinculavam a eles para manutenção do site. Essa é a tese da defesa, de que não havia essa ligação com demais pessoas. Cada um trabalhava por si, cada um era responsável por seu ato e não havia uma organização criminosa", diz Bellucci. Outras pessoas em Campinas (SP) e Ipatinga (MG) também foram presas.

'Não era de download'
Ainda segundo Marcos, o site que gerenciava não era de download de filmes, mas sim de ‘streaming’ – visualização on-line. “É tudo link de terceiro. A gente pega os links na internet e posta. O site nunca hospedou nada, nunca hospedou nenhum filme. Tanto é que o site é de streaming, não é para baixar. O site nunca foi de download."

O casal diz que ainda os dois sites chamados Mega Filmes HD que estão no ar não têm relação com eles. “Já entregamos o login e senha do nosso site no dia da prisão e os sites que ainda existem não tem nada a ver com a gente, até porque foram lançados quando ainda estávamos presos. A gente não tem nada a ver, tanto é que eu parei mesmo. Para mim, isso aí acabou. Eu quero que corra todo o processo logo, porque isso para mim está sendo um pesadelo", alega.

Dinheiro e hobby
"A gente começou a ganhar dinheiro pouco tempo atrás. Começou por hobby. Não pensava que iria chegar num ponto que era ganhar bem. Não tinha essa pretensão", comenta sem revelar o quanto ganhou.

Mesmo assim, o casal afirma que ainda vive em casa de aluguel e que só conseguiu comprar dois carros com os valores recebidos (todos os carros foram apreendidos pela polícia). No Facebook, o casal publicava fotos de encontros de colecionadores de carros e "ostentavam" um Volkswagen Jetta tunado.

“Tinhamos quatro carros, o ‘Jettão’ comprado com dinheiro do meu trabalho no Japão, outro financiado e dois carros com dinheiro do site. Entre eles o BMW, que apesar da marca, custou R$ 75 mil. É que o valor dependia de cada mês e a grande quantia só começou este ano, antes não era tanto. Quando começamos a receber muito, ‘torramos’ com baladas. Mas foi um dinheiro amaldiçoado, que não nos levou a nada. Agora meu nome está sujo e não sei como conseguir emprego”, afirma Cardoso.

Casamento desmarcado e nova vida
Com a prisão em 18 de novembro, o casal não pôde participar do próprio casamento, como conta Marcos. Ele e Thalita estão em união estável e iriam oficializar o relacionamento no último sábado (28), afirmam. “O site atrasou nossos planos. Estamos vendo com fornecedores e nosso advogado para não perdemos o que foi investido”, diz Thalita.

Segundo eles, R$ 25 mil que seriam utilizados para pagar a festa do casamento foi o único valor apreendido pela PF. As contas dos suspeitos foram bloqueadas, mas não tinha dinheiro nelas, dizem. “Sentimos vergonha pelo o que fizemos. Muita vergonha. Imaginei que o site iria acabar, mas não que meu nome e rosto ficariam conhecidos por isso. Nunca mais vou mexer com isso, até peguei trauma da internet agora”, diz Marcos.

O casal planeja continuar em Cerquilho, cidade da família de Thalita. Vão esperar pelo fim das investigações e pretendem recomeçar com novos empregos. “Espero que tudo isso passe o mais rápido possível, que toda investigação acabe e eu volte à minha vida normal. Tem até pessoas que me perguntam quando o site vai voltar e já digo que nunca mais. Já trabalhei com muita coisa, no Japão era 12 horas por dia, sempre trabalhei”, finaliza.

Fonte: G1

 

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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