Internacional

Não falta trabalho para brasileiros no exterior

O sonho de morar fora para ter uma experiência internacional na carreira deu um passo mais largo. Cada vez mais, profissionais têm buscado sair e fincar raízes. Os países, por sua vez, querendo movimentar a economia com a força do trabalho jovem, também têm criado programas para agilizar e até mesmo incentivar a absorção desses ávidos brasileiros.

De 2013 para 2017, a quantidade de declarações de saída definitiva do Brasil entregues à Receita Federal mais do que duplicou, passando de 9.887 para 21.701. Neste período no Rio, passou de 1.704 para 2.467, um aumento de 44%. Há vários países com abertura e entre os queridinhos, especialmente dos jovens adultos, estão Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Cada qual com seus desafios e seus encantos, porém, todos com os mesmos atrativos: segurança, tranquilidade e qualidade de vida. É uma troca — e vale lembrar que tem prós e contras.

De uma forma geral, há dois caminhos. Um deles é através dos programas específicos para migração permanente qualificada, em que o país divulga uma lista com profissões que estão em falta — TI, saúde e engenharia são os que costumam ter mais oportunidades. Apesar da abertura, a seleção não é tão simples assim. Cada país tem os seus programas, processos e áreas que precisam de profissionais, além de custo. Acontece que os requisitos costumam ser altos. Em geral, exige-se proficiência comprovada do idioma, assim como das experiências profissionais e trajetórias acadêmica e certidão negativa de crimes. A idade também conta.

No Canadá, por exemplo, é comum a preferência para jovens solteiros, com menos de 30 anos, com experiência profissional, formação acadêmica com pós, sem filhos e alto nível de proficiência do idioma. É uma seleção bem elitista, que quer apenas os melhores para compôr a força de trabalho local. Já na Austrália e Nova Zelândia, os quarentões e cinquentões, respectivamente são bem-vindos.

Por isso, um segundo caminho muito procurado pelos brasileiros é ir estudar no país escolhido para depois aplicar para a residência. Este foi o trajeto que a arquiteta Daniela Ferraz e o marido estão fazendo. Ele aplicou para o mestrado e foi chamado. Aceito, no Canadá o cônjuge pode trabalhar por período integral e mais tarde o tempo de trabalho e estudo deles vai somar mais pontos na hora de pedir a residência.

— Estávamos desanimados no Brasil. Sem segurança e perspectiva, parecia que trabalhávamos e não rendia. Aqui, o poder de compra é muito maior, nos sentimos seguros e temos uma qualidade de vida muito melhor. Algumas pessoas reclamam do frio, mas para nós não é um problema, pois a cidade tem estrutura — diz Daniela, que hoje trabalha na famosa joalheria Swarovski.

Ela faz um adendo: — A saúde pública tem um sistema ruim no Canadá, pois é preciso primeiro ir a um médico da família, que costuma atende rapidamente e mal, para depois ir a um especialista. E a consulta pode demorar semanas.

Ainda sobre o Canadá, Deborah Calazans, gerente da Immi Canadá no Brasil, explica que o desde 2015 o país não tem uma lista de profissões em demanda, mas há uma abertura para quem puder contribuir com a economia local.  — Há incentivo do governo canadense porque é um país jovem que tem carência de mão de obra qualificada. Querem pessoas que possam ajudar no crescimento econômico, por isso buscam jovens e mais qualificados.

Austrália e Nova Zelândia têm listas com profissões

Já na Nova Zelândia e Austrália, ambas na longínqua Oceania, os processos são parecidos para quem quiser tentar a migração qualificada. O primeiro passo é ver se sua profissão consta na lista de ocupações carentes nestes países. Nos dois casos, deve-se entrar nos sites oficiais (na capa) e enviar uma explicação de como poderá contribuir com a economia do país e porquê quer se mudar, o chamado “Expression of Interest (EOI). O candidato selecionado terá de enviar uma vasta documentação e, somente se aprovado, é que poderá entrar com o pedido de migração permanente.

A psicóloga Cháris Rocha, de 31 anos, e o marido Andrei Iohan, 37, da área de TI, se aventuraram na Austrália, após anos de sonho e planejamento. Antes moradores de Porto Alegre (RS), eles buscavam viver em uma cidade menor e mais tranquila. Estão em Gold Coast há um ano e, segundo ela, a parte mais difícil no processo no Brasil foi ter o inglês suficiente para a pontuação, o que levou um ano, e os custos com a tradução juramentada (cerca de AUD 1 mil). Já morando lá, o perrengue é outro:

— Achávamos que por ter uma lista seria mais fácil arrumar um bom emprego, mas eles dão preferência para o locais, sinto um pouco de preconceito. Outra coisa é o custo de vida, a moradia é muito cara aqui. Não é tão fácil quanto imaginávamos conquistar uma estabilidade profissional e financeira, por isso, não descartamos voltar um dia.

Aliás, antes de saber mais do programa em si que concede a migração, o conselho geral é pesquisar sobre o lugar, conversar com quem já foi e avaliar os prós e contras. Deborah ressalta que não é tão simples quanto se imagina. — As pessoas acham que vai ser tudo maravilhoso, conseguir o melhor emprego, morar no melhor lugar, mas este processo não é tão fácil. Precisa de planejamento e tem que agarrar as oportunidades que surgirem. A saudade também pode ser um dos pontos mais críticos para alguns.

Rússia e Irlanda

A Irlanda e Rússia estão com programas que oferecem bolsas de estudo para pós-graduação. Na Irlanda, o interessado deve se candidatar diretamente com as universidades (http://bit.ly/2ou44f1). Entre os requisitos, não pode ser europeu e precisa ter excelência acadêmica e profissional, e boas habilidades de comunicação para concorrer.

E na sede da Copa do Mundo deste ano, o Ministério da Educação e Ciência da Rússia, em parceria com a Corporação Russa de Energia Nuclear, Rosatom, recebe até dia 20 de março inscrições — pelo site https://russia.study/ru — de quem quiser estudar Energia Nuclear e Termofísica Física e Tecnologias Nucleares e suas aplicações em medicina, ecologia e agricultura.

As aulas começam em setembro e o curso tem dois anos e o curso tem dois anos de duração para estudantes de mestrado e de, no máximo, dois anos para intercâmbio. Não há ajuda de custo. O primeiro ano é para aprender o idioma (ufa!). Vale lembar que a Rosatom é responsável pela bolsa de estudos, mas o aluno é quem arca com despesas, como passagem, hospedagem e alimentação.

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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