Opinião

NÃO EXISTEM MOMENTOS COMUNS!

No filme “O Poder Além da Vida” é mencionado que “não existem momentos comuns”. Essa frase me marcou e de tempos em tempos ela volta, principalmente quando percebo que as reclamações em relação à falta de tempo aumentaram. No livro A Arte da Imperfeição, a autora  Brené Brown faz uma reflexão profunda sobre a escassez: “… Vivemos uma época de nervosismo e medo, o que gera escassez. Nós temos medo de perder aquilo que mais amamos, e odiamos que não existam garantias. Nós pensamos que evitar gratidão e não sentir alegria pode evitar a dor. Pensamos que, se pudermos superar a vulnerabilidade imaginando a perda, vamos sofrer menos. Estamos errados. Existe uma garantia: se não praticarmos gratidão e se não nos permitirmos conhecer a alegria, estaremos perdendo as duas coisas que poderiam nos sustentar durante as inevitáveis dificuldades”.

O que acabei de escrever é a escassez de segurança e certeza, mas existem outros tipos de escassez. Minha amiga Lynne Twist escreveu um livro incrível chamado ‘The soul of Money’. Nesse livro, Lynne aborda o mito da escassez. Ela escreveu: “Para mim, e para muitos de nós, nosso primeiro pensamento do dia é ‘não dormi o bastante’. O próximo é ‘não tenho tempo o bastante’. Verdadeiro ou não, o pensamento de não o bastante nos ocorre automaticamente antes que possamos questioná-lo ou examiná-lo. Nós passamos a maioria das horas e dos dias da nossa vida ouvindo, explicando, reclamando ou nos preocupando porque não temos o bastante de… Nós não fazemos bastante exercício. Não temos bastante trabalho. Não temos bastante lucro. 
Não temos bastante poder. Não temos bastantes fins de semana. É claro que nós nunca temos bastante dinheiro… nunca. Não somos magros o bastante, não somos inteligentes o bastante, não somos bonitos o bastante, não estudamos o bastante e não somos bem-sucedidos ou ricos o bastante… nunca. Antes mesmo de nos sentarmos na cama, antes que nossos pés toquem no chão, já somos insuficientes, já ficamos para trás, estamos perdendo, já nos falta alguma coisa. E quanto vamos para a cama, à noite, nossa cabeça remói uma ladainha de coisas que não conseguimos, ou não fizemos, naquele dia. Vamos dormir oprimidos por esses pensamentos e acordamos em devaneios de carência… ‘O que começa como uma simples expressão da vida apressada, ou mesmo da vida difícil, cresce para se tornar uma grande desculpa para uma vida incompleta…”.

Como então sair desse modelo mental de “falta” para outro de “suficiência”? A dica que a autora traz é, como mencionei sobre o filme lá em cima, valorizar cada momento por meio da atenção plena, estar presente para cada pessoa, cada pergunta ou cada silêncio, como ela cita no livro: “… Acredito ter aprendido muito sobre o valor do que é comum ao entrevistar homens e mulheres que viveram perdas terríveis como a perda de um filho, violência, genocídio e trauma. As memórias que eles consideravam mais valiosas eram dos momentos comuns, cotidianos”.
Ficou claro que suas memórias mais preciosas constituíam-se de uma coleção de momentos comuns, e sua esperança era que as outras pessoas conseguissem parar por tempo suficiente para se sentirem gratas por aqueles momentos e pela alegria que eles traziam. A escritora e líder espiritual Marianne Williamson disse: “Alegria é o que nos acontece quando nos permitimos reconhecer como as coisas são realmente boas…”.
 

Iracema Borges

About Author

Iracema Irigaray N. Borges, mãe de três anjos, ama comer tudo com banana, coach pelo ICI-SP, senha em dar cursos na África, Índia, EUA, onde o destino a levar e semanalmente escreve a coluna Coaching no Circuito Mato Grosso.

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