Foto: Arquivo Pessoal
Passados doze dias do sequestro da aeronave modelo King Air, prefixo ATY, de propriedade da família do deputado estadual José Riva (PSD), os dois pilotos continuam desaparecidos. Nesta quinta-feira (2), a esposa do piloto Evandro Abreu, Márcia Abreu, falou com exclusividade ao Circuito Mato Grosso sobre o sofrimento da família. “Sinceramente, é uma situação que não desejo para meu pior inimigo. Estou muito angustiada com tudo que está acontecendo”.
Evandro e o co-piloto Rodrigo Frais Agnelli foram sequestrados por criminosos junto com a aeronave no dia 20 de setembro na pista de pouso do município de Pontes e Lacerda (457 km de Cuiabá).
O avião era utilizado na campanha da candidata ao Governo do Estado, Janete Riva (PSD) e desde o sequestro, muitas especulações apareceram, mas até o momento, não há nenhuma notícia concreta quanto ao paradeiro dos pilotos.
“Sinceramente, é uma situação que não desejo para meu pior inimigo. Estou muito angustiada com tudo que está acontecendo”, disse ela com uma voz serena, mas que não deixa de evidenciar o sofrimento.
Marcia reitera que ao longo desses dias, não houve qualquer contato que pudesse trazer pistas sobre as vítimas do sequestro. “A polícia nos passa algumas informações, dentro do que é possível. O resto é aquilo que a imprensa noticia e que na maior parte das vezes, são apenas especulações”.
Ela, que é proprietária de uma loja de roupas em Várzea Grande, revela que o esposo tem uma experiência de 20 anos como piloto e nunca tinha sido vítima de uma situação desta natureza. Marcia também afirma que, pela primeira vez, Evandro trabalhava em uma campanha eleitoral.
“Ele já atuou como piloto particular em outras ocasiões, mas em casos diferentes. Já trabalhou para frigoríficos, para empresários, mas numa campanha política esta é a primeira vez”, relata ela.
Questionada se acredita em um sequestro com motivação política ela descarta. “Acho que não, pois eles não são sequer parentes dos candidatos. Enfim, acredito que um crime que os bandidos cometeram com intenção de fazer algum tipo de tráfico, algo neste sentido”.
Em casa, os filhos do casal – um menino de 14 anos e uma menina de 9 – inevitavelmente tiveram suas rotinas afetadas. “Às vezes eles tem ido à escola, outras vezes não. É complicado, os colegas começas a falar um monte de coisas e isso acaba fazendo ainda mais mal a eles”, completa ela.
Por fim, ela comenta que tem recebido o conforto de familiares e amigos. “Estamos muito abalados, sem dúvida, mas a minha casa, Graças a Deus, está sempre muito cheia de gente. São amigos, parentes que tem nos amparado e que nos dão força. O que temos é que esperar. Somos muito católicos e encontramos forças em Deus”, finaliza ela.
Investigações
As investigações sobre o desaparecimento da aeronave estão sendo realizadas pela Polícia Civil de Mato Grosso juntamente com a Policia Única Boliviana, já que existem suspeitas de que o King Air possa ter sido levado para a Bolívia para o tráfico internacional de drogas.
Ao Circuito Mato Grosso, o delegado da Civil de Pontes e Lacerda, Gilson Silveira, que conduz as investigações, conta que permaneceu em solo boliviano durante sete dias. Neste período ele alega ter percorrido uma série de fazendas e distritos, mas não foram localizadas pistas sobre o paradeiro dos pilotos.
“Nós retornamos a Mato Grosso, mas as investigações continuam. Estamos mantendo contato permanente com a polícia boliviana”, alega Silveira. Ainda segundo ele, em território boliviano, as investigações são lideradas pelo titular da região de San Inácio, comandante San Inácio.
Silveira afirma também, que foi criada uma rede de informações para esclarecer o caso e localizar os pilotos.