O cacique Raoni Metuktire, de 90 anos, líder do povo Kayapó, afirmou que os indígenas precisam de paz, nesta quarta-feira (7), e que a tese do marco temporal pode resultar em disputas entre ruralistas e os povos originários.
O Supremo Tribunal Federal (STF) julga a questão na sessão desta quarta-feira (7), e 50 indígenas irão acompanhar o julgamento dentro do plenário, enquanto 250 poderão assistir por telão.
Cacique Raoni enviou uma mensagem aos ministros do STF e pediu que eles votem contra o marco.
"Há muito tempo eu venho falando para vivermos em paz com vocês (brancos). É isso. Então, senhores ministros, eu quero pedir para vocês que digam não ao marco temporal", afirmou.
Raoni ainda ressaltou que os indígenas querem viver em paz com os não indígenas no Brasil.
"Eu quero falar para vocês autoridades. Ouçam me. Estes documentos (marco temporal ) que vocês estão fazendo contra nós. Tem que acabar. Precisamos viver em paz. Vocês, mais uma vez, estão mexendo com nós com este documento", contou.
Na Câmara Federal, o projeto de lei sobre o marco temporal foi aprovado por 283 votos a 155, e o texto foi encaminhado para o Senado, em que aguarda análise. A proposta limita a demarcação de terras e fragiliza uma série de direitos dos indígenas.
A tese leva em conta o ano de promulgação da Constituição Federal de 1988 para estabelecer uma data de referência para a demarcação de terras. Os indígenas que não estavam no próprio território até esta data não teriam direito para a demarcação, segundo a tese.
Manifestações
Manifestações pelo estado foram registradas, na manhã desta quarta-feira (7), em ao menos duas aldeias tiveram protestos em Mato Grosso, sendo Aldeia Kapot Piaraçu e Nansepotiti, do povo Panará, localizadas no Xingu e Iriri.
Na terça-feira (30), um grupo de indígenas da etnia Kaiapó fechou a MT-322 e outro grupo bloqueou a balsa que faz travessia do Rio Xingu, em protesto contra o projeto de lei em discussão na Câmara Federal, que foi aprovado e encaminhado ao Senado no mesmo dia.